Reviews e Análises
Toc Toc Toc: Ecos do além – Crítica
Não esperava que o filme fosse tão interessante, mas infelizmente o excesso de coisas não explicadas tira um pouco a graça da lógica do filme. Agora não prejudica em nada no que trata de susto e suspense, porque não faltam motivos pra mexer com nossa angústia e em seguida ativando o medo. E o melhor: o filme vai construindo isso aos poucos pra te manter na história. Traz carga pesada de suspense e em dado momento vira para um thriller, porém não perde a tensão.
O filme tem a direção de Samuel Bodin, que faz um trabalho muito bom no quesito sustentar a tensão. Outra coisa que a direção está de parabéns é em uma fotografia que até nas cenas tranquilas tem um ambiente que te angustia. O som não deixa em nada a desejar também. E conduz muito bem o trabalho dos atores e extrai deles momentos muito fortes.
O roteiro é de Chris Thomas Devlin (“O massacre da serra elétrica: O retorno de Leatherface” de 2022), que traz uma premissa interessante, tem bons diálogos, mas larga muita ponta solta ou sem explicação. A história como um todo é bem interessante e desenvolve bem. E prende, viu. Como O filme tem algumas revelações interessantes e oferece uma mudança na metade do filme, ele acaba prendendo o espectador com essa novidade.
O elenco além de muito bem dirigido, traz uma qualidade impressionante. Estão todos muito bem. E vou enfatizar aqui Lizzy Caplan como Carol, Antony Starr como Mark, Cleopatra Coleman como Miss Devine e Woody Norman como Peter. Que atuações! O povo mandou muito. Lizzy e Antony levam o papel tão natural que parece que foram feitos para o papel.
O filme conta a história de uma família quase normal. Um garotinho excluído e que sofre bullying na escola, pais controladores, uma casa pedindo reforma com uma plantação de abóboras no quintal que está com praga. O garotinho começa a ouvir vozes vindas da parede, seus pais tratam como normal e culpam o excesso de criatividade do garoto. O Comportamento diferente do garoto chama a atenção da nova professora, que fica mais intrigada ainda quando descobre que há alguns anos foi relatado o caso de desaparecimento de uma criança ali por aquelas bandas. Será por isso que os pais são tão rígidos? Quem ou o que faz os barulhos na parede? Ou será que o garoto tem apenas a mente muito fértil? Quem cuidará da plantação de abóboras? Vou deixar você com todos esses questionamentos para que você possa ir ao cinema assistir esse filme.
Esta crítica dá nota 3,5 de 5 para esse filme.
O filme estreia dia 31 de agosto nos cinemas.
Reviews e Análises
Ainda Estou Aqui – Crítica
Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.
Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.
Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.
Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.
Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.
O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.
Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.
Nota 5 de 5
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