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Reviews e Análises

Herói de Sangue – Crítica

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Filmes de guerra são sempre muito emocionantes e densos. Herói de Sangue (Tirailleurs – 2022) não é uma exceção à regra. O filme francês conta a história de Bakary (Omar Sy), pai de Thierno (Alassane Diong). Durante a Primeira Guerra Mundial, Bakary se alista no exército francês para poder ficar perto de seu filho que foi recrutado contra sua vontade. Ambos são enviados para o front e enfrentam a guerra na colônia francesa de Senegal.

Um ponto interessante do filme é poder conhecer um pedaço da guerra no qual nós normalmente não temos muita familiaridade, que no caso é a luta francesa no Senegal contra os alemães. O estilo da guerra, de trincheiras, não muda aqui, mas é interessante ver que a metralhadora foi realmente uma peça chave na definição do conflito.

Outro ponto interessante é a relação entre pai e filho que se desenrola na história. O pai quer tirar o filho daquela situação e retornar para sua pacata vila, enquanto que o filho acaba se envolvendo em situações e crescendo dentro do exército e aquilo acaba entrando dentro de seu ego e ele bate de frente com o pai. Isso gera situações de dar aquele nó na garganta e de pensar até que ponto devemos ouvir nossos pais ou seguir em frente com nossas convicções.

O filme tem uma produção muito bem feita, com um orçamento alto para um filme fora de Hollywood. A fotografia e o figurino decente ajudam a compor a realidade que é necessária para um filme histórico. O final traz pelo menos uma surpresa que vai fazer o espectador refletir sobre como uma história pode ser contada de forma a ser original sem muita firula de roteiro. Simples e competente, Herói de Sangue é sobre o amor paternal e incondicional, e o quanto estamos dispostos a lutar por esse amor e pela vida dos nossos filhos.

Avaliação: 3 de 5.
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A Hora da Estrela – Crítica

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Quando se é aficionado por livros é comum alguma mania: ler a última página, tentar não “quebrar” a lombada de calhamaços enquanto se lê ou usar qualquer coisa que estiver a mão como marcador de páginas. Eu coleciono primeiros parágrafos: escrevo em pequenos cadernos que guardo na estante junto com os volumes que lhes deram origem. Claro que existem os favoritos como o de Orgulho e Preconceito (“É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa.”) e Anna Karenina (“Todas as famílias felizes são iguais, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira.”), mas nenhum fala tanto ao meu coração quanto o de “A Hora da Estrela”:

Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.

Agora, se você nunca leu “A Hora da Estrela”, pode dar uma chance a obra da autora ucrano-brasileira Clarice Lispector assistindo a adaptação realizada em 1985 pela cineasta Suzana Amaral, que voltou aos cinemas no último 16 de maio em cópias restauradas digitalmente em 4K.

O longa conta a história da datilógrafa Macabéa (vivida magistralmente por Marcélia Cartaxo, ganhadora do Urso de Prata de melhor atuação em Berlim) uma migrante vai do Nordeste para São Paulo tentar a vida. Órfã, a personagem parece pedir perdão o tempo todo por estar viva, quase se desculpando por ter sobrevivido a sina dos pais. Macabéa é invisível, invisibilizada e desencaixada do mundo.

A interação com as outras personagens acentua o caráter de estranheza que Macabéa sente de sua realidade (“O que você acha dessa Macabéa, hein?” “Eu acho ela meio esquisita”) onde a proximidade física reservada a ela é oferecida apenas pelas viagens de metrô aos domingos.

As coisas parecem mudar quando ao mentir ao chefe – copiando sua colega de trabalho Glória – dizendo que no dia seguinte irá tirar um dente para, na verdade, tirar um dia de folga. Passeia pela cidade e encontra Olímpico (José Dumont) a quem passa a ver com frequência. Infelizmente, mesmo ele, não entende a inocência e esse desencaixe de Macabéa, deixando-a.

“A Hora da Estrela” de Suzana Amaral traz a estética da fome tão cara ao Cinema Novo de Glauber Rocha não apenas na falta, ressaltada em oposição as personagens que orbitam a curta vida de Macabéa, mas no desalento, no desamparo e, principalmente, no abandono que, quando negado em certa altura pela mentira esperançosa da cartomante charlatã (vivida por Fernanda Montenegro), culmina na estúpida tragédia que ocorre com a protagonista.

Se no começo de tudo, como disse Clarice, sempre houve o nunca e o sim, para Macabéa e os seus “sim senhor” o universo reservou apenas o grande não que Suzana Amaral captou como ninguém.

Nota 5 de 5

Avaliação: 5 de 5.
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Burburinho

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