Reviews e Análises
Muribeca – Crítica
Isso não é uma poesia em forma de canção, é um pedido de ajuda em forma de documentário. É o grito de uma população que investiu seus sonhos e construiu sua vida em um lugar que por problemas estruturais pediu mudanças. E graças a burocracia, os sonhos e a vida de alguns estão se apagando. Esse é um documentário sobre um bairro de Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, Berço de um grande produção cultural, que foi interrompida.
Direção e roteiro de Alcione Ferreira, que não possui experiências expressivas anteriores, e Camilo Soares, que possui uma boa experiência com curtas e como cineasta tem dois trabalhos mais expressivos: “Beco”, de 2020, e “King Kong en Asunción”. As escolhas foram muito bem feitas e constroem uma jornada poética de resistência, carregada de emoção. Todas as imagens que contemplam o espaço comunicam muito bem o sentimentos dos moradores. Realmente o trabalho técnico aqui foi muito bem explorado.
A pesquisa e organização do material traz um crescente mostrando a história de criação, peso de conquista para os antigos moradores e a dor da perda de suas moradias. Os vídeos antigos e testemunhos mostram um desejo de resistência e luta para reaver seus antigos lares. As escolhas não deixaram de fora a cultura de uma comunidade, seja artística ou social.
Não vou falar de elenco porque realmente não se aplica, afinal nós estamos falamos de moradores, ex-moradores e materiais de registros antigos. E como vamos avaliar o caráter técnico de alguém falando sobre sua vivência. Porém os depoimentos trazem muito afeto, história familiar, saudosismo de emoções infantis, e sem hipervalorizar dramas. Sem forçar.
E sobre o que se trata esse documentário mesmo? Ele conta a história de um bairro chamado Muribeca em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, que começou como um conjunto habitacional e foi se desenvolvendo. Algumas famílias, com muito sofrimento, conseguiram ali sua primeira casa própria. O senso de comunidade se consolidou e os moradores tinham uma boa ligação. Porém por volta de 1995 um dos prédios começou a apresentar rachaduras e aos poucos um a um foi apresentando rachaduras e por consequência, sendo interditado pela defesa civil. A Senhora Caixa Econômica Federal, por acordo firmado, paga uma indenização de aluguéis, porém não deu previsão de reconstrução dos prédios que foram demolidos. E é isso que esses cidadãos querem: a reconstrução de seus lares.
Essa crítica da 3 de 5. Pois tem uma boa qualidade, mas sabemos que é para um público específico.
O filme estreia dia 02 de Março nos cinemas.
Reviews e Análises
Alien: Romulus – Crítica
O mais novo filme da antologia de Alien é muito mais do que o trailer nos promete. Não é uma refilmagem, mas uma continuação direta do primeiro filme, e também dos prequels. Parece até complicado um novo filme da franquia se inserir entre o o filme de Ridley Scott (Alien, O Oitavo Passageiro – 1979) e o de James Cameron (Aliens, O Resgate – 1986) e ainda assim conseguir costurar toda aquela viagem de Prometheus (2012) e Alien: Covenant (2017). Mas Fede Alvarez consegue realizar essa tarefa árdua e nos entregar um baita filme de terror, digno de estar entre os dois primeiros da saga não só na continuidade, mas na qualidade.
O filme segue uma trupe de colonos que tenta sair do planeta onde estão mas sempre acabam tendo que trabalhar mais para a Weyland Yutani e então decidem invadir as ruínas de uma estação espacial para conseguir fugir das garras de “A Companhia”.
O roteiro e a história do filme foram feitos com esmero e são uma belíssima homenagem ao primeiro filme. Alvarez segue a receita de sucesso onde aparecem os face-huggers, alguém é pego, o xenomorfo explode do peito e o caos está instaurado, mas esse é só o arco do monstro. Os arcos das personagens, da Companhia, dos replicantes e das inteligências artificiais preenchem as quase duas horas do longa metragem perfeitamente, sem tempo pra gastar, só com o tempinho de respirar.
Cada personagem é único e tem suas motivações, histórias e perfil bem definidos e que vão evoluindo durante o filme de uma forma que, se não te faz ter afeto pela personagem, te convence completamente dos motivos pelos quais ela faz o que faz.
O filme tem vários easter eggs para os fãs de Aliens e quem tiver o olho bom conseguirá ver coisas como Nostromo, o passarinho que bebe água, e ainda outros que são homenagens explícitas. Temos ainda alguns acenos para os jogos de Alien, principalmente o Alien Isolation.
O elenco está muito bem e é encabeçado por Cailee Spaeny no papel de Rain, uma colona que tem suas quotas aumentadas para o bem da Companhia; e David Jonsson interpreta Andy um andróid resgatado do lixão e com sua programação re-escrita. A trupe de desajustados que se mete em altas confusões começa com Archie Renaux como Tyler um antigo peguete de Rain e líder do grupo, Isabela Merced como Kay a irmã de Tyler, Spike Fearn sendo Bjorn o amigo merdeiro e Aileen Wu no papel de Navarro a piloto da espaçonave.
Preciso falar aqui que, sim o filme tem seus jump-scares, mas nenhum deles é gratuito ou utilizado só porque ficou tanto tempo sem um sustinho. Alien: Romulus se segura em seu ótimo roteiro pra entregar um terror psicológico, um thriller onde a cada passo rumo à liberdade e a salvação é encontrado com um tropeço alienígena e com fome de carne humana. Angustiante na medida certa.
Outra parte que se destaca no filme é a cinematografia e os efeitos práticos, especiais e visuais. Com tomadas que parecem quadros, tamanha é a beleza do que é projetado na tela. Em diversos momentos me vi admirando a beleza do filme. E antes da nota tenho a obrigação de falar da trilha sonora de Benjamin Wallfish que leva o público exatamente aonde o diretor precisa e encaixa os temas originais da saga perfeitamente.
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