Reviews e Análises
Soul – Crítica
E se ao invés da gente imaginar como é o pós-vida, a gente parasse para imaginar o pré-vida? Essa é uma das diversas questões filosóficas que o novo filme da Pixar nos traz com Soul, disponível direto na plataforma de streaming Disney+. O filme deveria ter ido para os cinemas, mas devido à pandemia do novo coronavírus, acabou sendo lançado direto na plataforma como um presente de Natal para os assinantes. E olha, que presente.
O filme conta a história de Joe Garner, um professor de música do ensino médio que vive frustrado pois acredita que seu propósito como grande músico de jazz foi desperdiçado. Um dia, com uma grande chance nas mãos, sofre um acidente e vai para o além, de onde tenta desesperadamente sair e voltar para o seu corpo, para finalmente cumprir o seu (suposto) propósito na Terra. Mas, como esse é um filme da Pixar, é claro que isso é só arranhar a superfície do filme.
O filme também mistura o pós-vida com o pré-vida, onde almas que ainda não encarnaram passam por uma espécie de escola, na qual se entendem com suas personalidades e, só recebem a permissão para encarnar quando descobrem qual será a sua missão em vida. O filme discute a questão também do que aconteceria se uma alma não desejasse encarnar e não se interessasse em “ser” nada. Outras alegorias e metáforas são tratadas de forma a completar o raciocínio, dando uma camada ao mesmo tempo lúdica e profunda ao roteiro.
Com um belíssimo desenrolar, o filme questiona o que torna cada um o que ele realmente é. Tudo isso envolto em um roteiro extremamente bem amarrado, uma animação cada vez mais incrível e uma trilha sonora jazzística e moderna que merece uma indicação ao Oscar.
Em um dos filmes mais belos não só do ano de 2020, mas com certeza de toda a vida, a Pixar volta à forma de filmes mais adultos, com uma lição e uma moral que nos faz chorar, pensar, amar, questionar e, porque não, viver. Maravilhoso.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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