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Reviews e Análises

Review – Cemitério Maldito (2019) por Maria Eduarda Senna

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Cemitério Maldito, é um filme que conta a história do Dr. Louis Creed (Jason Clarke), que, depois de mudar com sua esposa Rachel (Amy Seimetz) e seus dois filhos pequenos de Boston para a área rural do Maine, descobre um misterioso cemitério escondido dentro do bosque próximo à nova casa da família. Quando uma tragédia acontece, Louis pede ajuda ao seu estranho vizinho Jud Crandall (John Lithgow), dando início a uma reação em cadeia perigosa que liberta um mal imprevisível com consequências horripilantes.”


Confesso que precisei de alguns dias para absorver esse filme, até por que eu sempre fico agoniada quando surge uma notícia de um remake, principalmente quando a versão original é considerada um clássico, que tem todo o meu amor.

A versão original de Cemitério Maldito de 1989, é uma adaptação muito fiel ao livro escrito por Stephen King, tendo inclusive a participação direta dele no roteiro e sua aparição no longa. A pesar da fidelidade ao livro, a versão original tem lá seus defeitos, como na minha opinião própria interpretação de Dale Midkiff, que não consegue passar emoção ao personagem, tão importante que ele carrega, em compensação Miko Hughes (que é filho de um dos maiores diretores dos anos 80 John Hughes) é um show a parte de interpretação, acho que exatamente por isso a adaptação do original foi modificada agora em 2019, nesse remake de Cemitério Maldito, nenhuma criança com menos de 10 anos superaria o Miko, podendo até mesmo trazer um ar cômico para o filme, o que seria trágico.


Bom esse remake, tem seus pontos fortes, uma direção bem trabalhada, assinada por Kevin Kölsch e Dennis Widmyercom referencias de planos ao original, e criando também enquadramentos muito bonitos e poéticos (eu diria), uma direção que de fato constrói o terror e trabalha bem os pontos de suspense e angustia. Um ponto alto do filme pra mim é o trabalho de Laurie Rose (Peaky Blinders), assinando a  Fotografia impecável e absurdamente brilhante, que casa com todo o contexto do que o filme se propõe. A maquiagem que é uma parte de extrema importância em Cemitério Maldito, também não fica para trás, estava preocupada, principalmente quando começou o filme e vi que realmente a qualidade era um fator que dessa vez não pouparam orçamento,  a maquiagem é bem precisa e muito bem feita, fica ali entre o gore e o realismo, sem chocar muito, mas causando sensações que fazem parte da experiência de expressar e visualizar uma obra do Stephen King.


É incrível e de extrema importância para o cinema, que haja sim a “liberdade de criação” de roteiro, porém tem que ser muito bem construído e principalmente que saibam usar um conceito básico do audiovisual, chamado “Arma de Chekhov” que consiste em não dar ênfase a um objeto, pessoa ou situação sem que aquilo seja explicado e utilizado depois. No filme eu percebi que ao mesmo tempo que isso falha, o diretor tenta dar uma “disfarçada” cenas muito a frente, como na cena das crianças com mascaras e animais indo enterrar um cachorro, que apesar de bizarro, elas não são mais mostradas, nem se explica o conceito por trás dessa cena em si, já que a explicação de ter um cemitério de animais no “quintal” de casa já está sendo falado no dialogo dos personagens que estão no próprio cemitério, não havia necessidade da cena e ela nunca mais se repete, assim como essas crianças que nunca mais são vistas (uma das mascaras até reaparece mais a frente de fato),  sendo que tanto no livro quanto na versão original não existe isso, o que entra na liberdade de criação, porem tem que fazer sentido, se você se propõe a fazer um remake, você tem que ter um cuidado a mais principalmente com a fidelidade, adaptações são bem vindas e importantes sim, adaptar a situação para o contexto atual, principalmente se o filme original é de uma outra época, mas não alterem o conceito, muito menos o final, isso me decepcionou muito, o peso do final de Cemitério Maldito de 1989 era uma das coisas que mais me angustiavam e eu fiquei frustrada com o final do remake.


Acho que até para quem nunca teve contato com “Cemitério Maldito”, o final deixa a desejar, e para mim,  um final ruim acaba desvalorizando toda uma história que vem sendo até bem construída.  O roteiro se preocupa desenvolver laços entre as personagens, além de apresentar suas características, suas crenças e seus medos, mesmo com diálogos vazios e ate meio bobos em relação a vida e a morte.

As atuações são boas, o destaque para mim vai de fato para o John Lithgow que interpreta o Jud nessa versão,  ele uma carga emocional muito interessante para o enredo do filme e a atuação de Lithgow trás isso para a personagem em suas reações e emoções no decorrer do filme. A pequena Jeté Laurence está incrível também no papel da Ellie Creed(mas como disse anteriormente nada nunca superará a interpretação de Miko Hughes na versão original) a personagem não tanto no livro quanto no filme original, não carrega o peso da história, porem Jeté Laurence consegue sim fazer isso bem feito.  


O roteiro se preocupa desenvolver laços entre as personagens, além de apresentar suas características, suas crenças e seus medos, mesmo com diálogos vazios e ate meio bobos em relação a vida e a morte,  acaba que o roteiro não explora nada do conflito entre a crença de Louis Creed e como ele reage com a morte da filha, acaba parecendo que ele está confuso e satisfeito ao mesmo tempo. O conflito da mãe, Rachel (Amy Seimetz) apesar de melhor explorado, ainda deixa a desejar, tem uma importância para o desfecho mas nessa versão parece que o terceiro ato acaba num desespero de resolver as coisas pra não perder o clímax e ai como eu disse acabei me decepcionando (já esperava isso desde o segundo ato em si, quando ocorre a reviravolta da historia).

 

NOTA: 2,0

 

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Lispectorante – Crítica

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Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.

Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.

Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.

A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!

Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.

Avaliação: 3 de 5.
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Burburinho

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