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Gibiteca Refil

Os Novos Titãs ou o milagre de George Pérez e Marv Wolfman

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Nos indagamos… Onde terminam os sonhos e começam os pesadelos? Talvez a pergunta mais apropriada seja… Onde terminam os pesadelos e começa a realidade.

De uns tempos pra cá parece que os Titãs foram redescobertos, ganhando série de TV, séries animadas e até longa de animação no cinema – que muitos chegaram a dizer ser o melhor filme da DC de todos os tempos (vai entender…). Mas, e nos quadrinhos, quando tudo isso começou?

A história dos Titãs começa lá nos idos da década de 60, com o pimposo nome de Turma Titã. O grupo era formado por Robin, Aqualad e Kid Flash, inicialmente, tendo mais tarde a adição da Moça Maravilha. Um tempo depois mudaram o nome para Jovens Titãs, mas o estigma de grupo-adolescente-de-ajudantes-de-super-heróis, mesmo depois de outras formações, de cancelamentos e retornos se manteve até que a década de 80, quando George Pérez e Marv Wolfman revolucionam o título.

Assim surgiu Os Novos Titãs, com uma reformulação da equipe que manteve do grupo original Robin (Dick Grayson), Kid Flash (Wally West) e Moça Maravilha (Donna Troy); trouxe Mutano (que nessa época deixou a alcunha de Rapaz-Fera pela qual era conhecido na Patrulha do Destino); e criaram três novos personagens: Cyborg (Victor Stone), Ravena e Estelar (Koriand’r). 

O grande sucesso se deu não só pelas aventuras do grupo, mas pelas agruras e conflitos vividos por todo jovem adulto que era aprofundado nas histórias. As personagens ganharam complexidade a ponto de rivalizar em vendas no período com outro grupo de adolescentes: os X-Men de Chris Claremont.

Para conhecer mais essa fase, indico o encadernado lançado pela Panini Comics em 2018  Lendas do Universo DC: Os Novos Titãs – George Perez Volume 1 que traz as seis  primeiras edições de The New Teen Titans (novembro/1980 – abril/1981) antecedidas por “Onde os pesadelos começam?” publicada originalmente em DC Comics Presents número 26 (Outubro/1980).

E onde os pesadelos começam? 

“Onde os pesadelos começam?”  já mostrava, pela sua estrutura, que poderíamos esperar do novo título dos Titãs algo diferente do que tinha sido até então. Na história encontramos Robin, ajudando a polícia de Nova York (nada de Gotham City) a capturar um grupo de terroristas que entraram nos laboratórios S.T.A.R. O problema é que o menino-prodígio começa a ter alucinações com uma outra ameaça – uma espécie de protoplasma inteligente libertado por um cientista que conseguiu abrir a porta para outra dimensão – e que nessa nova missão era ajudado por um grupo do qual fazia parte, mas que nunca tinha ouvido falar, os Titãs. No final, ambas as ameaças são contidas, e descobrimos que Ravena estava mostrando um pouco do futuro para Robin.

The New Teen Titans

Nas seis edições que se seguem acompanhamos o resgate de Estelar, lemos a primeira menção a C.O.L.M.E.I.A, descobrimos o motivo pelo qual o Exterminador odeia os Titãs, presenciamos a criação do Quinteto Mortal, um confronto com a Liga da Justiça e o real motivo pelo qual Ravena reuniu os jovens heróis.


Título:
 Lendas do Universo DC: Os Novos Titãs – George Perez (Volume 1)
Autor: Marv Wolfman (roteiro) e George Pérez (arte)
Tradução:  Jotapê Martins
Editora: Panini Comics
Ano: 2018
ISBN: 9788542609967
Ficha técnica completa no Guia dos Quadrinhos 

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Gibiteca Refil

#MulherMaravilha80anos – Do Polígrafo ao Laço da Verdade

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“Bela como Afrodite; sagaz como Atena; dotada da velocidade de Mercúrio e da força de Hércules – nós a conhecemos como Mulher-Maravilha. Mas quem pode nos dizer quem é ela ou de onde ela veio?” – All-Star Comics, dezembro de 1941

A Mulher-Maravilha não foi a primeira super-heroína dos quadrinhos e definir esse posto é algo bastante complexo. Levando-se em conta o que entendemos como super-herói (ter uma identidade secreta, poderes e usar um uniforme) o consenso é que a primeira super-heroína dos quadrinhos é a Hawkgirl, conhecida por aqui como Mulher-Gavião. Como explicar, então, que tamanha popularidade de Diana faça com que nem cogitemos acreditar nisso? É simples: o conceito.

Muitas personagens femininas foram criadas a partir do clichê Ms. Male Character, isto é, a versão feminina de uma personagem masculina. Shiera era a versão feminina do Gavião Negro, além de sua parceira amorosa, assim como as primeiras concepções de Miss Marvel e Batwoman. A Mulher-Maravilha já foi criada como uma personagem independente, com seu próprio mundo fictício e histórias em consonância com as discussões do período.

A primeira aparição de Diana no universo DC se deu em dezembro de 1941 na All-Star Comics número 8. Essa ainda não contava a origem da personagem, mas a história das Amazonas e o motivo delas irem parar em Themyscira. A narrativa do nascimento de Diana, que permaneceria intacta até sua reformulação pós-Crise, seria apresentada apenas em Wonder Woman número 1: esculpida por Hipólita, a partir do barro de Themyscira, a escultura desperta na Rainha das Amazonas um sentimento profundamente maternal e o desejo de que a forma tome vida, em uma releitura do mito de Pigmaleão e Galatéia. Afrodite atende ao pedido de Hipólita, trazendo a criança à vida, dando-lhe o nome de Diana, em homenagem a irmã gêmea de Apolo, deusa da Lua e da caça. O que nos faz pensar: como seus criadores chegaram a essas referências?

“Sinceramente, a Mulher-Maravilha é propaganda psicológica com vistas ao novo tipo de mulher que, na minha opinião, deveria dominar o mundo.”  William Moulton Marston, março de 1945

A criação da personagem é atribuída ao roteirista Charles Moulton, pseudônimo do psicólogo William Moulton Marston, conhecido também como o inventor do polígrafo (a máquina da verdade). Já a concepção visual ficou a cargo de Harry G. Peter. Sempre esquecida nesta equação, porém, estava Elizabeth Holloway Marston esposa de William Marston e a quem o próprio se referia como coautora da personagem.

A luta pela igualdade feminina, presente nas primeiras histórias da Mulher-Maravilha – segundo Jill Lepore na biografia A história secreta da Mulher-Maravilha – remonta os primeiros anos de Marston em Harvard com o movimento pelo voto feminino e, principalmente, após ele ter ouvido a palestra da sufragista inglesa Emmeline Pankurst. Quase impedida de falar na universidade, simplesmente por ser mulher, Pankurst deixou Marston “fascinado, emocionado”. Já as referências gregas, possivelmente vieram de Holloway que amava a língua e as histórias que estudou em seus anos no ensino médio.

Desde a palestra de Emmeline Pankurst, a Mulher-Maravilha levou três décadas para aparecer, quando o seu principal idealizador já tinha 48 anos. Marston, após afirmar que via nos quadrinhos um grande potencial educacional, tornou-se uma espécie de psicólogo consultor da DC Comics. Foi aí que sugeriu ao editor Max Gaines uma super-heroína. A resposta inicial de Gaines foi dizer que personagens pulp e de quadrinhos femininas sempre eram um fracasso. Marston engendrou em argumento todos os anos em que defendeu os direitos das mulheres, recebendo a resposta “fiquei com o Superman depois que todo syndicate do país recusou. Vou dar uma chance a sua Mulher-Maravilha!”. Como condição o próprio Marston deveria escrever as histórias e se depois de seis meses os leitores não gostassem, essa seria descontinuada. Parece que acabou dando certo!

Como dito, Mulher-Maravilha não foi a primeira super-heroína, de fato, mas acredito que se tornou a primeira super-heroína por direito. Assim, convido você a comemorar durante os próximos meses os 80 anos de suas histórias e imaginário criados para a princesa amazona.

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