Reviews e Análises
Oferenda ao Demônio – Crítica

Mazel Tov, espírito que rouba crianças! Que filme foi esse, meu S’nhor? Entendi bem? sim, mas não sei se queria. Agora, uma coisa posso afirmar categoricamente: Um filme necessário. Afinal já vimos demónios e fantasmas de muitos segmentos religiosos, mas é a primeira vez que vejo um demônio hebraico. Outra mitologia do mal. É ruim, mas é diferente.

O filme é dirigido por Oliver Park, mesmo de “Night of Horror: Nightmare radio” de 2019. O rapaz mostra que estudou pra coisa pq apesar do filme ser bem fraquinho, não está mal dirigido. Tecnicamente não é um fracasso, mas também não se destaca. E acho que por isso o filme não zera na nota. Percebe que é alguém que sabe o que tem que fazer, executa, mas não impressiona.
Já o roteiro vem das mãos de Hank Hoffman e Jonathan Yunger, ambos sem trabalhos marcantes na carreira nessa posição. E só isso já explica muita coisa. Um argumento curioso e diferente, mas fraaaaaaco. A história não engata, os conflitos dos personagens são sem profundidade, e a empatia com as personagens não se constroem bem. Roteiro bem be-a-ba, raso.

No elenco a turma trabalhou legal e sustentou o que foi proposto, mesmo tendo horas que a gente se pergunta: “pra que isso tudo, moço?”. Bom, temos Nick Blood (“Still” de 2018 e “Body of water” de 2020) como Arthur e Emily Wiseman (“A maldição da casa Winchester” de 2018) como Claire, o casal principal da história. Participam também Paul Kaye (“Drácula: a história nunca contada” de 2014 e “Tomorrow” de 2018) como Heimisch e Allan Corduner (“Um Ato de liberdade” de 2008 e “Tár” de 2022) como Saul, pai de Arthur. O elenco é bom, mas realmente foi subutilizado.

E do que se trata mesmo esse horror, ou melhor, suspense? Conta a história de um rapaz que vem com sua esposa (Arthur e Claire) recomeçar a vida ao lado de seu pai (Saul). Saul é dono de uma funerária que atende a comunidade Judaica. A funerária de Saul recebe um corpo de um conhecido, porém com sinais diferentes, que ninguém ousou tirar do corpo, até que o bisonho do estagiário do Artur resolve mexer com o que está quieto. Com isso ele libera um demônio que tem muitos nomes em muitas culturas, mas que aqui leva o nome de ‘Apanhador de crianças’. E daí pra frente só pra trás. Mas vou falar não pra não estragar a pouca experiência que o filme pode te trazer.
Essa crítica via dar 1 de 5 por misericórdia (ou seria Charis?) e reconhecimento pelo trabalho técnico.
O filme estreia dia 09 de Fevereiro nos cinemas.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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