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Reviews e Análises

O Grande Golpe do Leste – Crítica

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A comédia dramática alemã “O Grande Golpe do Leste” tem como pano de fundo um acontecimento real: após a queda do muro de Berlim e da mudança para o novo regime, volta a circular o dinheiro da antiga República Democrática da Alemanha (RDA) que nesse período estava sendo recolhido de forma definitiva, para dar lugar ao Marco Alemão (Deutsche Mark).

No longa os três amigos Maren (Sandra Hüller de Anatomia de Uma Queda), Robert (Max Riemelt de Sense 8) e Volker (Ronald Zehrfeld) descobrem um depósito subterrâneo com grandes quantidades desse dinheiro. O trio decide, com ajuda de um funcionário do depósito – tio Marke (Peter Kurth) – colocar as cédulas novamente em circulação, não para enriquecimento próprio, mas para ajudar a comunidade abandonada e empobrecida da qual fazem parte, situada na pequena cidade de Halberstad, no extinto leste alemão, esvaziada pela migração em massa dos habitantes para cidades da Alemanha Ocidental.

O plano é simples: roubar a maior quantidade de dinheiro que puderem para adquirir bens oferecidos pelos alemães ocidentais, que nesse período traziam a modernidade para a cidadezinha atrasada.

Apesar de ter um problema de ritmo no segundo ato (o que pode fazer parecer que a narrativa está meio caótica ou bagunçada) “O Grande Golpe do Leste” é recheado de atuações encantadoras. Entre as complicações que vão de esconder as compras dos bens da polícia até a aquisição de uma fábrica falida, passando por tentar regular a ganância dos moradores, a sugestão do trisal entre os protagonistas trata a circunstância com uma naturalidade e delicadeza pouco vista, inclusive, em produções que se propõe a explorar, exclusivamente, o tema.

“O Grande Golpe do Leste” estreia no Brasil em 12 de junho de 2025, dirigido por Natja Brunckhorst, expõe o sentimento de abandono e traição quando somos confrontados com o fracasso de uma ideia, mas que no coletivo temos o apoio que, mesmo obstinadamente, sozinhos, não consigamos.

Avaliação: 4 de 5.
https://www.youtube.com/watch?v=SdIkqqL3KcQ
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Reviews e Análises

Lispectorante – Crítica

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Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.

Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.

Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.

A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!

Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.

Avaliação: 3 de 5.
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Burburinho

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