Reviews e Análises
Moonage Daydream – Crítica

Um trabalho, que para um artista, é lindo e inspirador de ver. Assim eu definiria em poucas palavras o que é “Moonage Daydream”, do diretor Brett Morgen. Essa Filmografia que harmoniza muitos recortes e instrumentos para contar uma significativa parte da jornada do Artista David Bowie.

Com direção e roteiro assinados por Brett Morgen (“O show não pode parar”, documentário sobre Robert Evans, 2002, e “Cobain”, 2015) O trabalho tem uma condução que expressa bem o que era o processo criativo e direcional de carreira de David Bowie. Um trabalho de pesquisa bonito e bem organizado mexendo com muitos sentidos do espectador.
Sobre atuação, não posso falar muito. Como você pode ter reparado, eu não chamei bem de filme. Não há uma atuação aqui, apenas recortes de entrevistas e depoimentos que são organizados de forma a entregar um roteiro bem construído. O principal é de falas do próprio David Bowie em entrevistas ou outros registros que deixou ao longo de sua carreira. Mas também possuem outra participações que trazem testimonio da veracidade dos fatos e contados ou dos efeitos das ideias apresentadas.

Tecnicamente falando aí a coisa vira uma explosão sensorial com muita música, trechos de shows, clipes, entrevistas e produções independentes do próprio Bowie em suas experimentações artísticas. Muita intensidade de cores e sonoras. Um delírio para quem é fã, mas pode cansar um pouco quem não tem tanta “sensibilidade para a arte”.
Um documentário-show excelente contando o trajeto de referência e influência de um dos maiores artistas da música mundial, David Bowie. Essa filmografia não traz uma ordem cronológica, mas esse não é o direcionamento do processo, mas sim uma sucessão de temas como escala de sucesso, referências artísticas, efeito do artista no pensamento da época e na moda, etc. Fala um bocado sobre a vida e família do artista, mas de forma muito delicada para mostrar com o isso interferiu na sua trajetória como artista. É um trabalho bastante belo, inspirador e excitante para pessoas com paladar para apreciar um conteúdo com exploração de conceito. Aliás como foi a própria trajetória do artista.
O filme estreia dia 15 de setembro nos cinemas.
E essa crítica não poderia dar outra nota senão 5 de 5. Pode não ser lá muito pro meu paladar, mas não vou forçar defeitos.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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