Reviews e Análises
Entre Mulheres – Crítica
Pra começo de conversa, eu não deveria opinar sobre, mas vou me esforçar pra não ser bem injusto com essa obra tão pesada e delicada. É um baita filme em muitos sentidos, que impressiona em muitos momentos. É um soco na boca do estômago que impressiona, mas infelizmente não choca. INFELIZMENTE NÃO CHOCA.
O filme é dirigido por Sarah Polley, que tem em seu currículo “Longe dela” de 2006 e “Histórias que contamos” de 2012. As escolhas foram muito felizes. A coloração, montagem, fotografia, a condução dos atores, tudo muito bem trabalhado. E de fato precisava ser, afinal a carga dramática proposta pede uma direção com olhos muito sensíveis e cuidadosos. O que impressiona é como conseguiu produzir uma dose de humor e leveza, em alguns momentos, com um produto tão pesado. Tá de parabéns.
Com roteiro baseado no livro de Sara Toews e com adaptação de Sarah Polley, o roteiro traz uma proposta impressionante e com muitas camadas. Mas não se engane, pois o filme é bem explícito e claro na sua temática principal: violência sexual contra mulheres. A estrutura das cenas e das falas têm uma provocação que embrulha o estômago. O colorido de intensidade entre personagens fica muito claro. O roteiro é bom em todas as suas estruturas.
Sobre o elenco, foi um banho de atuação. Zero críticas e reclamações. Um trabalho inclusive de contracenação muito bem orquestrado. E normalmente ao apresentar o elenco, coloco outros trabalhos, mas pelo tamanho do elenco vou apenas focar em artista e personagem. Então vamos lá: Rooney Mara como Ona, Claire Foy como Salome, Jessie Buckley como Mariche, Frances McDormand como Scarface Janz, Judith Ivey como Agata, Kate Hallett como Autje, Liv McNeil como Neitje, Sheila McCarthy como Greta, Michelle McLeod como Mejal, Kira Guloien como Anna, Shaila Brown como Helena, Ben Whishaw como August e August Winter como Melvin. Ufa. Olha essa lista. E todos com uma importância enorme pra história.
E vou me valer de uma livre adaptação de uma fala do filme pra dizer sobre o que é o filme. “Por ter falta de um nome para o que vivemos, se cria um abismo enorme pra conseguir explicar o que sentimos.” Um grupo de mulheres de uma comunidade afastada e muito religiosa, decidem tomar uma atitude para cessar os abusos físicos e sexuais sofridos em suas casas. Em um processo de debate e votação escolhem se vão partir, lutar, ou aceitar. Essas discussões apresentam pontos de vista carregados de razão e emoção. Essa conversa traz histórias de dor profunda e passadas de geração para geração. É uma postura clara de BASTA DE VIOLÊNCIA!
Essa crítica da 5 de 5 para esse filme e pronto.
O filme estreia dia 02 de março nos cinemas.
Reviews e Análises
Ainda Estou Aqui – Crítica
Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.
Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.
Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.
Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.
Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.
O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.
Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.
Nota 5 de 5
-
Reviews e Análises3 semanas ago
Megalópolis – Crítica
-
Reviews e Análises2 semanas ago
Ainda Estou Aqui – Crítica
-
CO23 semanas ago
CO2 333 – Multa no Vulcão e o Pai Congelado
-
Notícias2 semanas ago
Warner Bros. Pictures anuncia novas datas de lançamento para os filmes Acompanhante Perfeita e Mickey 17