Connect with us

Reviews e Análises

Coringa: Delírio a Dois – Crítica

Published

on

Coringa: Delírio a Dois (Joker: Folie à Deux), dirigido por Todd Phillips, é um filme difícil de engolir. Ele é como um bombom de fel, com um gosto extremamente amargo e azedo, porém está envolto na embalagem mais linda e perfeita. Ou seja, é um filme complexo, com uma história desinteressante, porém realizado de maneira extremamente bem feita.

Coringa: Delírio a Dois - Crítica

A história nos encontra pouco tempo depois dos acontecimentos do primeiro filme. Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) segue preso na ala para pacientes mais perigosos do Asilo Arkham. Enquanto segue a rotina de forma apática, controlado por medicamentos, é orientado por sua advogada Maryanne (Catherine Keener) que irá utilizar, durante o julgamento que se avizinha, o argumento de que o Coringa não é Arthur Fleck e que ele sofre de algum transtorno de personalidade.

Ao mesmo tempo, somos apresentados à personagem Lee Quinzel (Lady Gaga), uma riquinha mimada que tem uns parafusos meio frouxos e que, ao se apaixonar pela personagem do Coringa que assistiu em um filme que fizeram para a TV sobre a história de Arthur Fleck, decide se internar no Arkham para se aproximar dele. Ela participa de um grupo de musicoterapia e é dessa forma que ambos se conhecem e se apaixonam.

Essa é a premissa de Coringa: Delírio a Dois (Joker: Folie à Deux) e falar o que acontece além disso seria dar muitos spoilers. O que podemos falar é que o resto todo do filme é sobre a luta interna (e externa, de certa forma) de Arthur Fleck sendo manipulado por tudo e todos de que ele deve (ou não) abraçar a figura/persona do Coringa. O filme aborda também o dilema sobre o preço da fama e sobre como as pessoas se interessam pelos famosos pelos motivos mais errados.

Joaquin Phoenix e Lady Gaga estão brilhantes como sempre. Cantando e dançando maravilhosamente bem, imersos em seus papéis, não destoam nunca e possuem boa química juntos. As sequências musicais são muito boas, porém aparecem em demasia, às vezes de forma desnecessária, o que acaba cansando o espectador. Em alguns momentos senti que eram tão desnecessárias que sequências inteiras poderiam ser retiradas que não fariam diferença no resultado final de compreensão do todo.

A fotografia e a trilha sonora impecáveis, contribuem para o clima pesado e opressor durante as sequências no mundo real, ao mesmo tempo em que, nos números musicais contribuem para o fantástico e para o surreal.

Coringa: Delírio a Dois - Crítica

Mas o filme peca mesmo é no roteiro. E a partir daqui algumas coisas podem ser consideradas spoilers então recomendo cuidado ao seguir com a leitura.

[atenção, risco de spoilers]

Coringa: Delírio a Dois pode não conquistar o público por optar por desconstruir a persona do Coringa, realizada de maneira tão cuidadosa no filme original. Ao querer criticar o preço da fama e sobre como as pessoas enxergam os outros, o filme acaba tirando o mérito da construção realizada no primeiro filme, onde vemos um Arthur Fleck, que com uma sequência de acontecimentos horrorosos em sua vida, abraça a loucura e resolve descontar na sociedade.

O público já havia aceitado isso. Ao retirar o Coringa do Arthur Fleck, nos sentimos exatamente como a personagem de Lady Gaga ao final do filme. E é o que eu acredito que era a intenção do filme. Por isso é tão difícil de digerir. Talvez, se resolvessem contar outra história, o filme teria funcionado melhor dentro de nossas expectativas. Então o filme está muito longe de ser ruim. Porém, é muito decepcionante. E vai caber ao espectador aceitar o que foi proposto e abraçar a loucura, ou não.

Coringa: Delírio a Dois - Crítica

Nota: 2 de 5

Avaliação: 2 de 5.

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Reviews e Análises

Lispectorante – Crítica

Published

on

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.

Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.

Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.

A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!

Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.

Avaliação: 3 de 5.
Continue Reading

Burburinho

Entretenimento que não acaba! Acompanhe nossos podcasts, vídeos e notícias.
Copyright © 2016-2025 Portal Refil — Todos os direitos reservados.
FullStack Dev: Andreia D'Oliveira. Design: Henrique 'Foca' Iamarino.
Theme by MVP Themes — WordPress.
Política de Privacidade