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Bem-vindos de novo – Crítica

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Documentário biográfico bem pessoal e intimista com uma pegada bem melancólica sobre um drama familiar.  Apesar de trazer uma história que não é totalmente brasileira, não deixa de ser, quando se fala do sacrifício que os pais precisavam fazer para criar seus filhos. Apesar de nesse caso caber o termo órfãos de pais vivos, no Brasil temos uma realidade muito forte do termo “órfãos de pais vivos e presentes” que muitas vezes passam mais tempo em seus trabalhos e em transportes do que em casa com sua família. Só quando mais velhos entendemos certos sacrifícios, mas não abona.

“Bem-vindos de novo”, Embaúba Filmes, 2023

O filme é dirigido e roteirizado por Marcos Yoshi, que não possui produções de destaque em sua carreira, e que aqui faz um processo de registro pessoal com uma ótica poética muito bonita. Apesar de ser um festival de angulações de câmera, filme ainda assim não fica cansativo. Como ele busca uma estética documental bem intimista, em muitos momentos você se sente participando das conversas da família. O filme passa pro espectador a carência, o carinho, o afeto que o filme mostra. É aquilo, não é pra grande público, mas é bom de assistir. 

“Bem-vindos de novo”, Embaúba Filmes, 2023

O filme tem uma pegada documental pessoal, o que a primeira vista não é atrativo, mas é uma boa história bem contada. Nesse caso fala da família de Marcos Yoshi, uma família de imigrantes Japoneses, que vieram construir suas vidas no Brasil. Quando ainda adolescente, final dos anos 90, viu seus pais irem embora para o Japão para buscar melhor renda e dar uma melhor qualidade de vida. O filme contextualiza isso e então inicia com o retorno desses pais 13 anos depois. Percebe-se a delicadeza na conexão, uma vez que os pais não conviveram com seus filhos crescendo e tão pouco esses filhos que já não tem a mesma intimidade com os pais. As irmãs de Marcos eram menores que ele, então o efeito de distanciamento é ainda maior. Em dado momento é dito: “fiz o filme para conhecer um pouco dos meus pais e hoje vejo que é também para que eles me conheçam um pouco.” E com esse gostinho que sugiro que vocês assistam e depois compartilhe como foi sua experiência.

A nota pra esse filme é 4 de 5. Pelo trabalho redondinho e bem feito.

Avaliação: 4 de 5.

E o filme estreia dia 15 de Junho nos cinemas.

“Bem-vindos de novo”, Embaúba Filmes, 2023
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Ainda Estou Aqui – Crítica

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ainda estou aqui

Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.

Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.

Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.

Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.

Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.

O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.

Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.

Nota 5 de 5

Avaliação: 5 de 5.
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