Reviews e Análises
Anderson Spider Silva – Crítica da Série

Fomos convidados a assistir os dois primeiros episódios da série brasileira Anderson Spider Silva. Ela tem lançamento de todos os seus episódios no dia 16 de novembro no Paramount+. A série conta a história de vida do grande lutador brasileiro e então posso dizer que me surpreendeu muito.
E por vários fatores. O primeiro deles é que está muito bem feita, não só em termos técnicos como fotografia, direção e direção de arte, mas principalmente no roteiro, na história. Um momento particular perto do final do segundo episódio me pegou no emocional. Então eu acabei chorando muito e fiquei realmente apreensivo sobre o que ia acontecer.
A série é baseada em fatos da vida real e mostra um apanhado de quem é o Anderson Silva. Ela conta as histórias de Anderson quando menino, adolescente, homem trabalhador e batalhador, marido e pai, mas também o lado lutador de MMA, obviamente. A série mostra muita coisa do que aconteceu no ringue, mas são as lutas fora dele, para alcançar seus objetivos em um mundo tão desigual, que ganham destaque aqui.
Anderson Spider Silva é emocionante, inspiradora, dramática e cômica na medida certa. Tem alguns momentos piegas e meio forçados, mas que fazem parte da essência do que o Brasil entende como dramaturgia. Mas em momento algum isso atrapalha ou diminui a força do texto e da história de Anderson Spider Silva.
A série tem a produção executiva do próprio lutador e foi criada por Marton Olympio e tem direção geral de Caito Ortiz. No elenco temos William Nascimento que faz o Anderson adulto, Bruno Vinícius que faz ele adolescente e Caetano Vieira que faz ele menino. Mas a série conta ainda com um elenco estelar começando por Seu Jorge interpretando o tio de Anderson, que era até mais do que um pai pra ele, e Tatiana Tiburcio que faz a tia dele. Os dois foram quem criaram Anderson e cuidaram da educação dele.
Anderson Spider Silva é sobre a família também
Outra coisa que tem grande destaque aqui é a relação de Anderson com a família, seja aquela em que ele foi criado, seja a que ele construiu com a esposa Dayane. Então os problemas enfrentados por uma família negra e pobre em Curitiba, seja em termos de oportunidades, seja de racismo, estão muito presentes no roteiro. Mas tudo é feito de uma maneira muito orgânica, levantando discussões muito necessárias e pertinentes na nossa sociedade.
Apesar de eu só ter tido acesso aos dois primeiros episódios, deu pra entender muito bem qual o propósito da série. A ideia é usar a história de vida do Anderson para inspirar os mais jovens a acreditarem e lutarem pelos seus sonhos. Não é uma série sobre porrada. Porrada você vê no pay per view do ufc.
O primeiro episódio acompanha a vida do Anderson em sua adolescência. Os problemas de relacionamento na escola, a fama de briguento, a importância da família e do trabalho e a introdução ao mundo das artes marciais. O segundo episódio já dá um salto no tempo e acompanhamos o Anderson batalhando por um espaço no mundo da luta. Mais especificamente os seus primeiros passos em torneios de MMA, enquanto aguarda o nascimento do segundo filho.
A série conseguiu me pegar e estou bastante curioso para assistir o restante dos episódios. A boa notícia é que Anderson Spider Silva já estreia no dia 16 de novembro com todos os seus cinco episódios disponíveis no Paramount+. Caso você tenha o Prime Video, também consegue assinar o Paramount+.
Achei que a série vale muito a pena, principalmente se você gosta de histórias de superação, perseverança, foco, força de vontade, encarar as dificuldades. Tudo na mais bela tradição de filmes como Rocky.
Nota 4,5 de 5
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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