Reviews e Análises
A Melhor Escolha (Last Flag Flying) 2017 – Por Maria Eduarda Senna
“Last Flag Flying” trata-se de um filme cuja trama parte do reencontro de 3 veteranos da guerra do Vietnã: Larry (Steve Carrel), Sal (Bryan Cranston) e Richard (Laurence Fishburne). Larry vai em busca de seus companheiros para enterrar seu único filho, morto em combate no Afeganistão.
O longa é uma espécie de continuação de “A Última Missão”, clássico de 1974 dirigido por Hal Ashby. Contudo, a sequência é meio virtual, pois Sal (Bryan Cranston), Richard (Laurence Fishburne) e Larry (Steve Carell) não são os mesmos personagens vividos, respectivamente, por Jack Nicholson (Buddusky), Otis Young (Mulhall) e Randy Quaid (Meadows), apesar da história dar sequência a história vivida por eles em 1974. Além disso, ao contrário do clássico, o ar cômico em relação à história é substituído por uma ar de seriedade que característica o filme como dramático. (Jack Nicholson no filme “A Última Missão” de 1974). A forma sutil de tratar as marcas deixadas pela guerra em cada personagem deixa bem claro a incrível roteirização e a fluidez em que Richard Linklater (Diretor) e Darryl Ponicsan (Roteirista) têm em transformar qualquer bate-papo ou “conversas baratas” em diálogos simples e inteligentes que agradam o público naturalmente.As personagens por sua vez são muito bem trabalhados, demonstrando ter uma densidade tridimensional que interage e conquista o carisma do expectador a medida em que a história desenvolve. Pra mim, o roteiro de “A Melhor Escolha” é 50% do filme, os outros 50% ficam para as atuações impecáveis de Bryan Cranston, Laurence Fishburne e Steve Carell.
O título do filme em português “A Melhor Escolha” só vem a fazer sentido mesmo nos 3 minutos finais do filme. LITERALMENTE. Só que de uma maneira muito bonita e emocionante que faz o filme se encerrar com o sentimento de “Dever Cumprido” tanto para os personagens quanto para o público. Bryan Cranston que é conhecido como o icônico Walter White da série Breaking Bad, surpreende mais uma vez com a interpretação magnífica do Veterano Sal, ele é o alívio cômico do filme. A personagem do Steve Carell já traz uma carga emocional maior, e mais triste e Richard interpretado por Laurence Fishburne é o equilíbrio dos dois. Apesar do filme ter muitos elementos incríveis como narrativa e apresentação de personagem, que é o que anda em falta hoje em dia no cinema, a direção de Richard Linklater que já dirigiu: “Boyhood”, “Escola do Rock”, “Jovens Loucos e Rebeldes” e a trilogia “Antes do Amanhecer”, “Antes do Por do Sol” e “Antes de Meia-Noite”(que é fantástica por sinal), não surpreende em nada nesse filme, as câmeras paradas, e sequências super comuns tornam o filme um pouco cansativo e arrastado, o que acaba salvando , como disse, é a história e a fluidez do roteiro junto com as atuações.
NOTA: 3,5/5,0
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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