Reviews e Análises
Review do Filme: Nós por Maria Eduarda Senna
“Nós”, é um filme que conta a história de uma família vai passar férias em uma casa na praia, mas acaba enfrentando um terror maligno quando versões macabras deles mesmos aparecem para atormentá-los.”
Bom, pelo menos é assim que somos apresentados ao filme através da sinopse e do trailer. De primeiro momento nos questionamos o quão intrigante pode ser o filme ou como ouvi alguns comentários, do “quão ruim ele pode ser já que tudo já foi entregue no trailer”, o lance é justamente esse….e sinceramente não sei como ainda existe pessoas capaz de duvidar da capacidade de Jordan Peele, o longa nos apresenta uma história intrigante que é trabalhada de uma forma espetacular.
O filme começa no ano de 1981, e através de um plano médio onde podemos ver uma estante e uma TV noticiando informações sobre os esgotos dos EUA, uma linda direção de arte feita por Cara Brower (responsável pela direção de arte marcante e lindíssima de Twin Peaks) e objetos de cena que puxam sua atenção fazendo com que você absorva todas as referências ali naquele take (VHS de filmes clássicos como Goonies), a imagem refletida na TV de uma menininha de 6 ou 7 anos se intercala com o noticiário. Conhecemos a pequena Adelaide (Madison Curry), e já na cena seguinte estamos perdidos e embasbacados mais uma vez com a direção de arte e a fotografia assinada por Mike Gioulakis.
Agora em um parque de diversões, vimos Adelaide com seus pais, e começamos a compreender um pouco sobre a personalidade da garota, uma menina calada, que se impressiona muito facilmente com as coisas. O filme começa de fato quando Adelaide se afasta de seu pai, em um momento de distração e acaba entrando numa casa de espelhos um pouco afastada do parque, no deck da praia de Santa Cruz, lá ela se depara com uma versão dela mesma e volta extremamente assustada, a partir desse dia seus pais tentam fazer com que a garota conte o que ela viu, o que aconteceu. Sem tocar no assunto Adelaide cresce e agora adulta, interpretada pela magnifica Lupita Nyong’o, constrói uma familia, ao lado de Gabe (Winston Duke) e seus dois filhos, Zora (Shahadi Wright) e Jason (Evan Alex). A família decide passar as férias na casa de praia recém comprada, justamente em Santa Cruz onde Adelaide sofreu seu trauma de infância. Em uma noite após a visita a praia, a família é surpreendida por versões de si mesmos que invadem a casa, aterrorizando-os.
Jordan Peele é conhecido por nos apresentar vário detalhes durante a trama que passam despercebidos, de uma forma encantadora, o que instiga o espectador a prestar atenção em absolutamente tudo, seja em objetos de cena, roupas, figurantes como: O morador de rua com a placa escrita“11:11 Jeremias”, que se repete nos dois momentos temporais do filme, assim como a camiseta da banda “Black Flag”ou até mesmo a narração do noticiario sobre os esgotos dos EUA. Além dessa marca de Peele, devemos enaltecer genialidade desse homem, como director, roteirista e produtor, em “Nós” Jordan completa esse combo de uma forma magnífica, como cineasta eu me senti extasiada, com cada plano criado, cada movimentação de camera, criada por Peele, que foge do clichê e são lindas, ele da uma aula de como dirigir um filme, transmitindo o sentimeto e as emoções atraves de takes perfeitos, parece até que as pegadas na areia vistas de um plongeé maravilhoso, foram milimetricamente colocadas ali de tão bonito que ficou…a fotografia de Gioulakis casa perfeitamente com absolutamente toda a magestralidade das cenas criadas por Peele.
Com um roteiro minucioso e muito bem escrito, Jordan surpreende novamente o espectador com uma critica social de te deixar sem fôlego, te fazendo refletir durante horas apos sair do cinema. Acreditei (até mais da metade do filme), que essa crítica fosse nos levar ao pensamento de que devemos aceitar que todos nós temos nossas sombras, nossos medos e problemas psicologicos que não devemos “deixar passar”sem dar a devida importancia, porém a critica social do filme vai MUITO além disso, estou me rasgando por dentro por não poder falar dela no momento por conta de spoilers, mas deixo aqui meu conselho, assistam essa obra-prima, se desconstruam pra enxergar de fato o que Peele se propôs a nos mostrar. Acredito que “Nós” seja um filme que vá dividir opiniões, mas ele não é so mais um filme com um roteiro mastigado, ele tem um roteiro complexo, é um filme para quem está disposto a ve-lo não apenas como “mais um filme”.
“Nós” deve ter sito um desafio para cada um dos atores principalmente por ter que interpretar duas versões de si mesmo de uma forma tão distintas umas das outras, Terry e Peele merecem as admirações e o magnifico resultado, principalmente por trabalhar tão bem isso diante as câmeras e com crianças, Shahadi Wrigth e Evan Alex estão brilhantes e a química entre Winston Duke e a Lupita é algo surreal, aquela família existe e você cria um laço com a história.
Assistam “Nós”, sem dúvidas um dos melhores filmes que assisti, repleto de referencias não só aos clássicos do cinema, como os filmes do Spielberg, com direito a citação direta ao meu favorito “Esqueceram de Mim” passando por clássicos da musica como Michael Jackson, “Nós” é uma Obra- Prima. O filme estreia dia 21 de Março nos cinemas.
NOTA: 5,0
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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