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Reviews e Análises

Nosso Lar 2: Os Mensageiros – Crítica

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Nosso Lar 2

Nosso Lar 2: Os Mensageiros é a sequência direta do filme Nosso Lar (2010). Apesar de ser uma história bem diferente, pois não acompanha o espírito André Luiz como protagonista, as mensagens do espiritismo e evolução espiritual continuam sendo o cerne. Baseado na obra de Chico Xavier e André Luiz, o filme adapta a obra “Os Mensageiros”, que é faz parte da coletânea “Vida no Mundo Espiritual“.

Longe de mim criticar os preceitos religiosos de qualquer doutrina. Até mesmo por não conhecer muito do espiritismo, não devo julgá-lo. Por isso, o meu texto irá se ater a falar especificamente sobre o filme em si.

Nosso Lar é o nome dado a uma cidade astral aonde vão os espíritos após a morte do corpo físico para aprenderem e evoluírem. Em “Nosso Lar 2: Os Mensageiros” o espírito André Luiz (Renato Prieto) se junta a um grupo de espíritos liderados por Ancieto (Edson Celulari). Eles são mensageiros, espécie de anjos de outras doutrinas, e partem para a Terra para acompanhar uma missão que corre risco de fracasso. Eles precisam orientar três espíritos encarnados que têm o objetivo de instalar um centro de cura espiritual e comunicação com o além.

O grande problema aqui é que os três escolhidos estão falhando, por questões humanas como orgulho, inveja, ódio, preconceitos, ainda enraizados por conta de suas experiências. Cada um com a sua particularidade, Otávio (Felipe de Carolis), Isidoro (Mouhamed Harfouch) e Fernando (Rafael Sieg) vão receber as ajudas dos mensageiros para cumprirem seus propósitos na Terra, evoluírem e retornar ao Nosso Lar, renovados.

Nosso Lar 2 tem alguns problemas sérios

Existem três problemas em Nosso Lar 2: Os Mensageiros. O primeiro, e mais grave deles, é a montagem. Indo e voltando diversas vezes com o uso de flashbacks, mudança de visão entre o momento antes de encarnarem, durante a encarnação e durante a desencarnação, a história fica muito confusa para quem não está familiarizado com a doutrina. Em alguns momentos eu não sabia se estávamos vendo um flashback, uma nova vida, etc.

O segundo problema diz respeito ao roteiro, que ao adaptar uma importante obra da doutrina parece ter dificuldade em organizar os eventos de forma linear para que funcionem melhor para um público não familiarizado com os preceitos. Apesar disso, a história e o seu desfecho são tão interessantes que ainda assim vale muito a pena acompanhar a jornada até o final, principalmente para quem acredita em Deus e vida após a morte.

O terceiro problema é uma bobagem, mas que incomoda o espectador mais atento: os efeitos visuais estão muito ruins. Algo que era até um destaque no primeiro filme, aqui parece ter sido preterido em razão de algum outro motivo. Não sei se envolve questão de orçamento ou tempo de realização, mas as cenas no Nosso Lar estão vergonhosas, com o recorte nítido e gritante do “chroma key” nos personagens e destoando com o fundo que parece ter sido criado no Paintbrush. Sério. Acho que até o Chapolin fazia um trabalho melhor.

Atuações muito boas e uma importante mensagem

No geral, se destacam principalmente as atuações do elenco principal, com menção honrosa para o sempre excelente Fábio Lago, no papel de Vicente. Ele consegue emocionalmente chegar onde é preciso para trazer a emoção do espectador. Outros destaques ficam para Felipe de Carolis como o raivoso e rancoroso Otávio e a maravilhosa Fernanda Rodrigues que entrega muito apesar de ter um papel pequeno como a personagem Isis.

De resto, Nosso Lar 2: Os Mensageiros vai agradar mais às pessoas que acreditam na espiritualidade e aos seguidores das doutrinas espíritas do que o público em geral que apenas deseja assistir a um filme com uma boa história. Nisso, o filme original ainda é muito melhor. Apesar disso, a bela mensagem do filme é o que permanece no final.

Avaliação: 2.5 de 5.

Nota 2,5 de 5.

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A Hora da Estrela – Crítica

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Quando se é aficionado por livros é comum alguma mania: ler a última página, tentar não “quebrar” a lombada de calhamaços enquanto se lê ou usar qualquer coisa que estiver a mão como marcador de páginas. Eu coleciono primeiros parágrafos: escrevo em pequenos cadernos que guardo na estante junto com os volumes que lhes deram origem. Claro que existem os favoritos como o de Orgulho e Preconceito (“É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa.”) e Anna Karenina (“Todas as famílias felizes são iguais, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira.”), mas nenhum fala tanto ao meu coração quanto o de “A Hora da Estrela”:

Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.

Agora, se você nunca leu “A Hora da Estrela”, pode dar uma chance a obra da autora ucrano-brasileira Clarice Lispector assistindo a adaptação realizada em 1985 pela cineasta Suzana Amaral, que voltou aos cinemas no último 16 de maio em cópias restauradas digitalmente em 4K.

O longa conta a história da datilógrafa Macabéa (vivida magistralmente por Marcélia Cartaxo, ganhadora do Urso de Prata de melhor atuação em Berlim) uma migrante vai do Nordeste para São Paulo tentar a vida. Órfã, a personagem parece pedir perdão o tempo todo por estar viva, quase se desculpando por ter sobrevivido a sina dos pais. Macabéa é invisível, invisibilizada e desencaixada do mundo.

A interação com as outras personagens acentua o caráter de estranheza que Macabéa sente de sua realidade (“O que você acha dessa Macabéa, hein?” “Eu acho ela meio esquisita”) onde a proximidade física reservada a ela é oferecida apenas pelas viagens de metrô aos domingos.

As coisas parecem mudar quando ao mentir ao chefe – copiando sua colega de trabalho Glória – dizendo que no dia seguinte irá tirar um dente para, na verdade, tirar um dia de folga. Passeia pela cidade e encontra Olímpico (José Dumont) a quem passa a ver com frequência. Infelizmente, mesmo ele, não entende a inocência e esse desencaixe de Macabéa, deixando-a.

“A Hora da Estrela” de Suzana Amaral traz a estética da fome tão cara ao Cinema Novo de Glauber Rocha não apenas na falta, ressaltada em oposição as personagens que orbitam a curta vida de Macabéa, mas no desalento, no desamparo e, principalmente, no abandono que, quando negado em certa altura pela mentira esperançosa da cartomante charlatã (vivida por Fernanda Montenegro), culmina na estúpida tragédia que ocorre com a protagonista.

Se no começo de tudo, como disse Clarice, sempre houve o nunca e o sim, para Macabéa e os seus “sim senhor” o universo reservou apenas o grande não que Suzana Amaral captou como ninguém.

Nota 5 de 5

Avaliação: 5 de 5.
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