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Drácula: A Última Viagem do Deméter – Crítica

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Filmes recentes sobre o Drácula foram meio decepcionantes. Me lembro de ir ver Drácula: A História Nunca Contada (2014) e ficar me perguntando porque tentar transformar o vampiro mais emblemático de todos em um herói. Quando saiu o trailer de A Última Viagem do Deméter eu fiquei empolgado, porém receoso.

O filme se concentra em um capítulo do livro original escrito por Bram Stoker. No caso, o diário de bordo do capitão do navio Deméter, que chegou a Londres de uma viagem direto da Romênia. O texto conta sobre os problemas enfrentados pela tripulação durante o trajeto e os estranhos acontecimentos que levaram à morte de todos que ali viajavam. O que o filme faz é pegar esse capítulo e expandir de forma bem competente.

O filme é dirigido por André Øvredal de “A Autópsia” (2016). Ele consegue criar um clima de tensão e suspense, porém usa poucas vezes do terror psicológico e prefere se apoiar em alguns momentos de “jump scares”, que eu pessoalmente não suporto, mas que aqui funcionam bem.

O elenco está muito bom, com destaque para Corey Hawkins que interpreta o médico Clemens, que acaba entrando no navio aos 45 do segundo tempo, mas que é o principal personagem do filme, conduzindo a narrativa. Outro que está muito bem é Liam Cunningham como o Capitão Eliot. O elenco conta ainda com Aisling Franciosi, David Dastmalchian, Chris Walley, Jon Jon Briones e o jovem Woody Norman.

Outro destaque do filme vai para a direção de arte e efeitos visuais que criaram algo que realmente nos transporta para o passado. Cenários reais do navio misturados aos efeitos visuais muito bem feitos conseguem nos manter dentro da imersão. Muito importante também para compor toda a fantasia é a roupa do Drácula, que aqui é mais um monstro morcego-humano do que o tradicional vampiro que estamos acostumados. Aqui também há clara mistura entre CGI e maquiagem, em um trabalho muito bem feito.

Apesar disso, a montagem do filme deixa um pouco a desejar, com alguns momentos arrastados mais dramáticos e, nas cenas de ação, com câmeras muito fechadas e cortes rápidos, que não ajudam muito a perceber o que está acontecendo. Acho que o clima perfeito para o terror seria deixar a câmera parada e o espectador tentando adivinhar o que vai acontecer em cena. Alguns momentos a coisa toda parece meio telegrafada.

(from left) Clemens (Corey Hawkins) and Anna (Aisling Franciosi) in The Last Voyage of the Demeter, directed by André Øvredal.

Se tudo der certo e o público abraçar o filme e ele fizer dinheiro, é possível que haja uma continuação, já que a história deixa uma boa brecha para que isso aconteça. Drácula: A Última Viagem do Deméter é um bom filme de suspense, com algumas pitadas de susto e terror. Não é a coisa mais assustadora que você já viu, mas com certeza é a melhor obra sobre o personagem nos últimos anos.

Avaliação: 4 de 5.
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1 Comment

1 Comment

  1. Simões Neto

    24 de agosto de 2023 at 13:00

    Já estou com boas expectativas. Mas ainda acho que será um filme que dividirá opiniões. Torcendo pelo sucesso dele.

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Ainda Estou Aqui – Crítica

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ainda estou aqui

Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.

Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.

Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.

Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.

Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.

O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.

Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.

Nota 5 de 5

Avaliação: 5 de 5.
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