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Sony Pictures anuncia novo calendário de estreias
Lançamentos de 2023 incluem títulos como “Gran Turismo”, “O Protetor”, “Dinheiro Fácil” e “Napoleão”
A Sony Pictures anuncia novo calendário de estreias, seguindo as alterações das datas americanas.
“Gran Turismo – De Jogador a Corredor”, filme inspirado na história real de Jann Mardenborough, um dos grandes jogadores de Gran Turismo no mundo, que se tornou um piloto real, se mantém em 24 de agosto, seguido por “O Protetor – Capítulo Final”, única franquia de filmes de Denzel Washington, que estreia em 5 de outubro. O ano da Sony Pictures continua com “Dinheiro Fácil”, filme de Craig Gillespie que estreia em 26 de outubro, estrelado por Paul Dano, Shailene Woodley, Seth Rogen e Pete Davidson, sobre a história real de como um movimento que começou no Reddit conseguiu revolucionar as ações da Gamestop no mercado financeiro. Os lançamentos de 2023 continuam com o terror “Feriado Sangrento”, que estreia em novembro e o esperado épico de Ridley Scott, “Napoleão”, estrelado por Joaquin Phoenix, que chega aos cinemas em 23 de novembro.
No novo calendário, as estreias dos próximos lançamentos ficam conforme abaixo:
2023
Gran Turismo – De Jogador a Corredor – 24 de agosto
O Protetor – Capítulo Final – 5 de outubro
Dinheiro Fácil – 26 de outubro
Feriado Sangrento – 16 de novembro
Napoleão – 23 de novembro
2024
Anyone But You* – 4 de janeiro
It Ends With Us* – 8 de fevereiro
Madame Web* – 15 de fevereiro
Sequência de Ghostbusters* – 28 de março
My Ex-Friend Wedding* – 9 de maio
Garfield* – 23 de maio
Sequência de Bad Boys* – 13 de junho
Horroscope* – 27 de junho
Sequência de Venom* – 11 de julho
Harold and The Purple Crayon* – 1 de agosto
Kraven, O Caçador – 29 de agosto
Untitled Sony Marvel Movie* – 7 de novembro
Karate Kid* – 12 de dezembro
*ainda sem título em português
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A Hora da Estrela – Crítica
Quando se é aficionado por livros é comum alguma mania: ler a última página, tentar não “quebrar” a lombada de calhamaços enquanto se lê ou usar qualquer coisa que estiver a mão como marcador de páginas. Eu coleciono primeiros parágrafos: escrevo em pequenos cadernos que guardo na estante junto com os volumes que lhes deram origem. Claro que existem os favoritos como o de Orgulho e Preconceito (“É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa.”) e Anna Karenina (“Todas as famílias felizes são iguais, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira.”), mas nenhum fala tanto ao meu coração quanto o de “A Hora da Estrela”:
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.
Agora, se você nunca leu “A Hora da Estrela”, pode dar uma chance a obra da autora ucrano-brasileira Clarice Lispector assistindo a adaptação realizada em 1985 pela cineasta Suzana Amaral, que voltou aos cinemas no último 16 de maio em cópias restauradas digitalmente em 4K.
O longa conta a história da datilógrafa Macabéa (vivida magistralmente por Marcélia Cartaxo, ganhadora do Urso de Prata de melhor atuação em Berlim) uma migrante vai do Nordeste para São Paulo tentar a vida. Órfã, a personagem parece pedir perdão o tempo todo por estar viva, quase se desculpando por ter sobrevivido a sina dos pais. Macabéa é invisível, invisibilizada e desencaixada do mundo.
A interação com as outras personagens acentua o caráter de estranheza que Macabéa sente de sua realidade (“O que você acha dessa Macabéa, hein?” “Eu acho ela meio esquisita”) onde a proximidade física reservada a ela é oferecida apenas pelas viagens de metrô aos domingos.
As coisas parecem mudar quando ao mentir ao chefe – copiando sua colega de trabalho Glória – dizendo que no dia seguinte irá tirar um dente para, na verdade, tirar um dia de folga. Passeia pela cidade e encontra Olímpico (José Dumont) a quem passa a ver com frequência. Infelizmente, mesmo ele, não entende a inocência e esse desencaixe de Macabéa, deixando-a.
“A Hora da Estrela” de Suzana Amaral traz a estética da fome tão cara ao Cinema Novo de Glauber Rocha não apenas na falta, ressaltada em oposição as personagens que orbitam a curta vida de Macabéa, mas no desalento, no desamparo e, principalmente, no abandono que, quando negado em certa altura pela mentira esperançosa da cartomante charlatã (vivida por Fernanda Montenegro), culmina na estúpida tragédia que ocorre com a protagonista.
Se no começo de tudo, como disse Clarice, sempre houve o nunca e o sim, para Macabéa e os seus “sim senhor” o universo reservou apenas o grande não que Suzana Amaral captou como ninguém.
Nota 5 de 5
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