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Filme sobre a Ditadura Militar, MEMÓRIA SUFOCADA chega ao streaming em 8/6

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Obra dirigida por Gabriel Di Giacomo segue em exibição nos cinemas brasileiros

Após passagem pelos cinemas, MEMÓRIA SUFOCADA pode ser assistido em VOD (video on demand) a partir do dia 8 de junho, feriado de Corpus Christi, nos serviços ClaroTV+, Oi Play e Vivo Play, por meio do Canal Brasil. Dirigido por Gabriel Di Giacomo, o documentário é uma produção da Salvatore Filmes, com distribuição da Embaúba Filmes.

Contando com a primeira equipe de cinema a filmar dentro do DOI-CODI de São Paulo, o documentário olha a história da Ditadura Militar e a tortura no Brasil a partir da perspectiva do presente. Buscas na internet mostram narrativas distintas do passado, mas que iluminam os dias de hoje.

“Hoje, a informação e a desinformação estão ao alcance de todos. Muitos fatos são construídos nas redes sociais e a realidade é cada vez menos nítida. Este é o ponto central do filme, qual é a ‘verdade’ histórica e como os fatos podem ganhar novas narrativas com o passar dos anos. Na década de 1960, setores da elite brasileira, com o apoio da mídia, plantaram diversas fake news sobre a situação do país para conseguir levar os militares ao poder, era urgente evitar ‘o avanço comunista no Brasil’, ‘proteger a pátria e a família’ e ‘acabar com a bagunça’”.

O longa conta com um rico material, que foi encontrado hospedado na internet, tornando-se uma regra para a estruturação: só conteúdos que estavam disponíveis para qualquer internauta. A partir disso, descortina os horrores da Ditadura que, às vezes, são descritos de outra forma.

“Por acompanhar a recente crise democrática em tempo real, senti a necessidade de fazer este filme como um exercício de reflexão sobre a nossa memória coletiva. As relações da sociedade com seu passado são dinâmicas, fluidas e contraditórias e MEMÓRIA SUFOCADA traz uma análise do processo de construção da memória da Ditadura Brasileira que segue em disputa.”

A pesquisa rendeu a Giacomo um conteúdo tão rico que ele expandiu o projeto no website do documentário, transformando-o assim em “um convite para as pessoas acessarem o material que serviu de base para construção do roteiro, para que cada espectador possa fazer a sua pesquisa e montar seu próprio filme, mesmo que seja dentro de sua mente”. No site https://memoriasufocada.com.br, é possível encontrar sugestões de filmes, vídeos e entrevistas com temas relacionados, como Golpe, Repressão e Anistia.

O cineasta conta que uma das coisas que mais o surpreendeu foram as propagandas do governo da época, que define como uma mistura de inocência com perversidade e recheadas de mentiras. “Uma delas é uma tentativa de responsabilizar a população pelo aumento da inflação e diz que a solução depende de todos, que basta pechinchar para os preços caírem, parece um esquete. Na época, a inflação estava perto de 40% ao ano e o regime tentando terceirizar a culpa do fracasso econômico para o povo, é uma covardia muito grande.”

O processo do longa começou com leituras de livros e textos sobre a Ditadura, acesso aos documentos da Comissão da Verdade, apreciação de filmes e um contato inicial com pesquisadores do tema. Quando o diretor percebeu que seria inviável produzir o documentário da forma tradicional por conta do isolamento social provocado pela pandemia de COVID-19, ele o fez da única maneira possível naquele momento, mergulhando em uma pesquisa de vídeos da internet e se deparando com um acervo incrível de imagens da Comissão Nacional da Verdade e do Arquivo Nacional. “É interessante, pois todo o material está disponível, mas eu nunca tinha assistido a boa parte dos vídeos, que tem poucas visualizações.”

Olhando para o passado e refletindo sobre o presente dos últimos quatro anos, o diretor aponta em MEMÓRIA SUFOCADA paralelos entre 1964 e a eleição de Bolsonaro de 2018. “O ex-presidente segue promovendo o revisionismo histórico do regime militar com auxílio de influenciadores que tentam construir a imagem de golpistas como heróis. Como um dos resultados, já assistimos a inédita invasão e depredação do Congresso Nacional em 8 de janeiro de 2023. Ainda acredito na velha máxima de que podemos aprender com os erros do passado e que não aceitar a relativização deles é uma forma de no futuro não elegermos novos Bolsonaros.”

MEMÓRIA SUFOCADA será lançado no Brasil pela Embaúba Filmes.

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A Hora da Estrela – Crítica

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Quando se é aficionado por livros é comum alguma mania: ler a última página, tentar não “quebrar” a lombada de calhamaços enquanto se lê ou usar qualquer coisa que estiver a mão como marcador de páginas. Eu coleciono primeiros parágrafos: escrevo em pequenos cadernos que guardo na estante junto com os volumes que lhes deram origem. Claro que existem os favoritos como o de Orgulho e Preconceito (“É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa.”) e Anna Karenina (“Todas as famílias felizes são iguais, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira.”), mas nenhum fala tanto ao meu coração quanto o de “A Hora da Estrela”:

Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.

Agora, se você nunca leu “A Hora da Estrela”, pode dar uma chance a obra da autora ucrano-brasileira Clarice Lispector assistindo a adaptação realizada em 1985 pela cineasta Suzana Amaral, que voltou aos cinemas no último 16 de maio em cópias restauradas digitalmente em 4K.

O longa conta a história da datilógrafa Macabéa (vivida magistralmente por Marcélia Cartaxo, ganhadora do Urso de Prata de melhor atuação em Berlim) uma migrante vai do Nordeste para São Paulo tentar a vida. Órfã, a personagem parece pedir perdão o tempo todo por estar viva, quase se desculpando por ter sobrevivido a sina dos pais. Macabéa é invisível, invisibilizada e desencaixada do mundo.

A interação com as outras personagens acentua o caráter de estranheza que Macabéa sente de sua realidade (“O que você acha dessa Macabéa, hein?” “Eu acho ela meio esquisita”) onde a proximidade física reservada a ela é oferecida apenas pelas viagens de metrô aos domingos.

As coisas parecem mudar quando ao mentir ao chefe – copiando sua colega de trabalho Glória – dizendo que no dia seguinte irá tirar um dente para, na verdade, tirar um dia de folga. Passeia pela cidade e encontra Olímpico (José Dumont) a quem passa a ver com frequência. Infelizmente, mesmo ele, não entende a inocência e esse desencaixe de Macabéa, deixando-a.

“A Hora da Estrela” de Suzana Amaral traz a estética da fome tão cara ao Cinema Novo de Glauber Rocha não apenas na falta, ressaltada em oposição as personagens que orbitam a curta vida de Macabéa, mas no desalento, no desamparo e, principalmente, no abandono que, quando negado em certa altura pela mentira esperançosa da cartomante charlatã (vivida por Fernanda Montenegro), culmina na estúpida tragédia que ocorre com a protagonista.

Se no começo de tudo, como disse Clarice, sempre houve o nunca e o sim, para Macabéa e os seus “sim senhor” o universo reservou apenas o grande não que Suzana Amaral captou como ninguém.

Nota 5 de 5

Avaliação: 5 de 5.
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