Reviews e Análises
Campeões – Crítica
Esse filme me pegou demais. Muito além do que eu esperava. Um filme surpreendentemente empático e com uma naturalidade comovente. Eu confesso que não estava preparado para esse filme. Como sempre, fui na surpresa e aberto para que ele me mostrasse seu melhor sem expectativas, e esse filme fez o favor de me tomar pelos braços e dar um quentinho no peito. Esta é uma versão americana de um filme espanhol lançado em 2018 igualmente tocante.
Ele tem a direção de Bobby Farrelly, de “Eu, eu mesmo e Irene” de 2000 e “Os três patetas” de 2012, e tem uma experiência maravilhosa com esse filme. Sabe ter um humor maravilhoso e extremamente delicado. O trabalho de direção e o olhar por trás da câmera foi impressionante e incrivelmente suave. O diretor realmente precisou de uma flexibilidade nas gravações e na hora da montagem que é muito empático. Apesar de ele não ter feito uma dança de técnicas e poéticas, é visível a presença e a qualidade do trabalho do diretor.
No roteiro temos as mãos de Mark Rizzo, Javier Fesser (“Campeones” de 2018 e “Histórias Lamentables” de 2020) e David Marqués (Criador da história original de “Campeones” de 2018 e “Cuidado con lo que deseas” de 2021). E que delicadeza, quanta leveza, quanta força em um só roteiro. Realmente este roteiro precisa ter uma maleabilidade na execução e que ao mesmo tempo deixa espaço pra crescer ainda mais com a co-participação dos atores. A premissa é bem simples, as falas também não são muito rebuscadas e complexas, as cenas não trazem uma grande complexidade, mas a temática e como ele se utiliza dessa simplicidade pra construir um caminho leve, delicado, mas ao mesmo tempo tocante, é o que faz esse roteiro tão merecedor de elogios.
Os atores são um show à parte. Temos uma parte de elenco muito boa como Woody Harrelson (“Três anúncios para um crime” de 2017 e “Triângulo da tristeza” de 2022) como Marcus, Kaitlin Olson (“As bem armadas” de 2013 e “Férias frustradas” de 2015) como Alex, Matt Cook (“Tico e Teco: os defensores da lei” de 2022) como Sonny, Ernie Hudson (“Os caça fantasmas” de 1984 e “A mão que balança o berço” de 1992) como Treinador Phill Perretti e Cheech Marin (“Era uma vez no México” de 2003 e “Machete” de 2010) como Julio. E aí vem aquele elenco maravilhoso que leva o filme todo no bolso. Temos Madison Tevlin como Cosentino, Joshua Felder como Darius, Kevin Iannucci (“Raça e redenção” de 2019) como Johnny, Ashton Gunning como Cody, Matthew Von Der Ahe como Craig, Ton Sinclair como Blair, James Day Keith como Benny, Alex Hintz como Arthur, Casei Metcalfe como Marlon e Bradley Edens como Showtime. Esse elenco é maravilhoso e deram um show de câmera em muito artista que vi em outros filmes recentes, einh.
O filme conta a história de Marcus, técnico assistente de Phil Perretti, que tem um temperamento muito esquentadinho e acaba se metendo em umas confusões. Uma dessas confusões é ter tomado umas e outras e batido na traseira de um veículo da polícia parado. Seu amigo Phil o tira da cadeia, mas lhe comunica que está demitido. Lá se vai pelo ralo o sonho de ser treinador da NBA. E pra “piorar” sua situação, é condenado a prestar noventa dias de trabalho comunitário como treinador de basquete para um time local de atletas com deficiência intelectual. Pronto, agora ele estava nada feliz. Só que as coisas começam a mudar durante sua experiência. O que foi? ahhh isso você vai ter que assistir. E vale muito a pena. Depois nos conte o que achou.
Essa crítica da nota 4 de 5 para esse filme.
O filme estreia dia 25 de maio nos cinemas.
Notícias
A Hora da Estrela – Crítica
Quando se é aficionado por livros é comum alguma mania: ler a última página, tentar não “quebrar” a lombada de calhamaços enquanto se lê ou usar qualquer coisa que estiver a mão como marcador de páginas. Eu coleciono primeiros parágrafos: escrevo em pequenos cadernos que guardo na estante junto com os volumes que lhes deram origem. Claro que existem os favoritos como o de Orgulho e Preconceito (“É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa.”) e Anna Karenina (“Todas as famílias felizes são iguais, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira.”), mas nenhum fala tanto ao meu coração quanto o de “A Hora da Estrela”:
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.
Agora, se você nunca leu “A Hora da Estrela”, pode dar uma chance a obra da autora ucrano-brasileira Clarice Lispector assistindo a adaptação realizada em 1985 pela cineasta Suzana Amaral, que voltou aos cinemas no último 16 de maio em cópias restauradas digitalmente em 4K.
O longa conta a história da datilógrafa Macabéa (vivida magistralmente por Marcélia Cartaxo, ganhadora do Urso de Prata de melhor atuação em Berlim) uma migrante vai do Nordeste para São Paulo tentar a vida. Órfã, a personagem parece pedir perdão o tempo todo por estar viva, quase se desculpando por ter sobrevivido a sina dos pais. Macabéa é invisível, invisibilizada e desencaixada do mundo.
A interação com as outras personagens acentua o caráter de estranheza que Macabéa sente de sua realidade (“O que você acha dessa Macabéa, hein?” “Eu acho ela meio esquisita”) onde a proximidade física reservada a ela é oferecida apenas pelas viagens de metrô aos domingos.
As coisas parecem mudar quando ao mentir ao chefe – copiando sua colega de trabalho Glória – dizendo que no dia seguinte irá tirar um dente para, na verdade, tirar um dia de folga. Passeia pela cidade e encontra Olímpico (José Dumont) a quem passa a ver com frequência. Infelizmente, mesmo ele, não entende a inocência e esse desencaixe de Macabéa, deixando-a.
“A Hora da Estrela” de Suzana Amaral traz a estética da fome tão cara ao Cinema Novo de Glauber Rocha não apenas na falta, ressaltada em oposição as personagens que orbitam a curta vida de Macabéa, mas no desalento, no desamparo e, principalmente, no abandono que, quando negado em certa altura pela mentira esperançosa da cartomante charlatã (vivida por Fernanda Montenegro), culmina na estúpida tragédia que ocorre com a protagonista.
Se no começo de tudo, como disse Clarice, sempre houve o nunca e o sim, para Macabéa e os seus “sim senhor” o universo reservou apenas o grande não que Suzana Amaral captou como ninguém.
Nota 5 de 5
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