Reviews e Análises
O Colibri – Crítica

Mas olha só… Um belo filme italiano por aqui. Sejam bem vindos. Essa História traz uma jornada bem reflexiva sobre o que dá sentido a jornada da vida e relações. Requer atenção, pois trabalha com a evolução de duas linhas do tempo, e isso pode ser confuso em algum momento para quem se distrai. Agora, é um drama bem trabalhado e que traz assuntos bem interessantes.

O filme é dirigido por Francesca Archibugi, mesma de “A Árvore do Pico” de 1998 e “Questione di Cuore” de 2009. E devo parabenizar pela qualidade do trabalho. A condução dos atores, das cenas, a manutenção do ritmo e dos detalhes, tudo isso foi simplesmente maravilhoso. Tecnicamente o filme merece elogio. O olhar foi bem delicado sobre muitos assuntos que poderiam ser bem complicados e chocantes. O trabalho da diretora leva a gente de modo bem bonito.
O roteiro é de Sandro Veronese (“Gli Sfiorati” de 2011 e “Caos Calmo” de 2008), Laura Paolucci (“Gli Sfiorati” de 2011 e “Caos Calmo” de 2008), e também da diretora. É um roteiro complexo e traz referências bem ricas de cada personagem. Esse drama tem uma construção não linear e isso, que pode ser bem complicado, foi bem feito. Tem o eixo centrado na vida de um personagem e seus dramas familiares ascendentes e descendentes com tato, mas sem delicadeza.

No elenco temos Pierfranchesco Favino (“Rush: No limite da emoção” de 2013 e “Jogada de amor” de 2022) como Marco Carrera, A história passa em sua fase desde a infância até a velhice e seus momentos emblemáticos e de decisões importantes. Kasia Smutniak (“Perfeitos Desconhecidos” de 2016 e “Dolittle” de 2020) como Marina Molitor, a esposa escolhida, mas que vive a instabilidade de um casamento sem amor. Bérénice Bejo (“O artista” 2011 e “Um Brinde ao sucesso” de 2020) como Luiza Lattes, o amor da vida que não virou esposa. Nanni Moretti (“Habemus Papam” de 2011 e “Cada um com seu cinema” de 2007) como Carradori, de terapeuta de Marina para amigos da família. E mais uma lista longa que levaríamos páginas de boas referências. As personagens apresentam mais de um momento da vida, em alguns casos são o mesmo artista, e fazem tão bem, mas tão bem. O final do filme é comovente.

A história é construída na trajetória de Marco Carrera e em como a história de seus pais e sua infância lhe conduzem a escolhas que o faz chegar em um ponto em que sua vida precise de sentido. Sua busca passa por lidar com os traumas de infância, a resposta aos dramas familiares, a busca por sentido nos seus gostos e felicidade, e a busca pela tranquilidade com seus amores e suas escolhas o leva a uma relação diferente com a vida.
Essa crítica da uma nota 5 de 5.
O filme estreia dia 13 de abril no cinema.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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