Reviews e Análises
A Mulher Rei – Crítica
Meu orixá de misericórdia! Cacete de agulha. E bote na sequência todas as expressões idiomáticas para uma ênfase absurda que sejam possíveis lembrar aqui. Isso não é um filme, é uma obra necessária em muitas camadas. Com esse filme, Viola Davis joga no colo do mundo uma África negada e desconhecida. É carta pra muita discussão em rodas por aí hein. Até trechos do making-off do filme mostram grandeza. E não tem banzo com essas guerreiras não.
O filme é dirigido por Gina Prince-Bythewood (“Nos bastidores da fama”, 2014, “Old Guard”, 2020, e “A vida secreta das abelhas” 2008). Mostrando aí que sabe fazer um bom trabalho. E aqui não desaponta. a preparação do elenco para essa construção ficcional teve a participação dela para valorizar a integração entre direção e elenco. Cada escolha foi muito bem feita. O filme não esbanja tecnicidade, mas é muito preciso e bem feito na escolha das partes técnicas e regência do todo.
O roteiro é maravilhoso e merece muitos elogios pois é todo muito bem amarrado, mostra uma evolução sólida. É assinado por Dana Stevens (“Por amor” 1999. “Uma vida em sete dias”, 2002, “Cidade dos Anjos”, 1998, e “Paternidade, 2021) e Maria Bello (em seu primeiro trabalho como roteirista). e tem uma grande seleção de partes importantes tanto para a história principal quanto para os temas transversais. É um roteiro poderoso com naturalidade.
O elenco a gente pode cancelar todas as nossas próximas atividades, porque pra falar com justiça deles precisaria de muitas horas. Temos a Viola Davis (“As viúvas”, 2018, “Um limite entre nós”, 2016) como Nanisca em um trabalho incrível. Uma personagem monstruosamente gigante. Temos também Lashana Lynch (“Dr. Estranho no multiverso da loucura”, 2022, “007: Sem tempo pra morrer”, 2021) como Izogie, Sheila Atim (“Dr Estranho no multiverso da loucura”, 2022, “Pinochio”, 2022) como Amenza e por fim Thuso Mbedo (Series “Scandal” e “Caminhos para liberdade”) como Nawi, que tem suas histórias destacadas das demais do grupo de guerreias ao lado de Nanisca. E como o Rei do Reino Daomé, Rei Ghezo interpretado por John Boyega (“Star Wars: Ascensão de Skywalker”, 2019, “Círculo de fogo”, 2018, “Star Wars:Os Ultimos Jedis”, 2017). E essa lista ainda tem muito mais, mas preciso separar um espaço pra dizer: Que trabalho de atuação que foi feito aqui. Cenas de luta, interpretação, vocal… Socooorroooo!
Reza a lenda que a história é baseada em fatos e se refere as guerreiras Ahosi, do reino de Daomé, que foram consideradas as guerreiras mais temidas do mundo até o século XIX. E aqui fazem jus a lenda com um destacamento de mulheres que defendiam seu reino contra outras tribos. E tudo isso ambientado em um momento onde os vencidos eram vendidos no mercado de escravos para europeus e colônias do novo mundo. No roteiro, uma das lutas de Nanisca era justamente o de romper com esse mercado escravagista. Mas sua motivação principal era tornar o Reino de Daomé uma potência comercial, mas não mexe com a gente que a conversa é de gente grande. Tudo sob a crença da lenda dos deuses irmãos. O desenrolar envolve muitos mitos, confrontos de tirar o fôlego e apresentação de questões importantes para uma sociedade inteligente. E eu preciso parar de falar e dizer pra você ir assistir e depois voltar aqui e deixar seu comentário.
O filme estreia dia 22 de setembro nos cinemas. E é um 5 de 5 com muita melanina marcas de guerra.
Reviews e Análises
Ainda Estou Aqui – Crítica
Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.
Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.
Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.
Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.
Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.
O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.
Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.
Nota 5 de 5
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