Reviews e Análises
Os 30 anos de Curtindo a Vida Adoidado – Parte I
Estou de volta e com mais um clássico. Estavam com saudades?
Eu estava!
Hoje vou falar do dia que uma cidade parou quando o “Rei da Salsicha de Chicago” resolveu que a vida é muito curta para não ser aproveitada.
A vida passa muito rápido e se você não curtir de vez em quando a vida passa e você nem vê.
É com essa frase edificante, proferida entre trocas de roupas, dicas de como simular uma doença para matar aula e uma análise sobre como o socialismo europeu é uma coisa chata e inútil que, Ferris Bueller (Matthew Broderick) resolve matar aula pela nona vez no semestre.
Curtindo a Vida Adoidado, ou Ferris’ Bueller Day Off (O Dia de Folga de Ferris Bueller, na tradução literal) estreava há trinta anos e imediatamente se tornou um blockbuster.
Mais uma vez o mestre John Hughes nos brindava com uma de suas incríveis histórias…
PARA TUDO!
Se você não conhece John Hughes, corra atrás de saber quem ele foi. Só vou citar duas obras para que você perceba a sua importância: Esqueceram de Mim e Clube do Cinco. Aposto um pote de Nutella com você que ele te fez sorri pelo menos uma vez na vida.
Pronto, voltando ao filme. Hughes conseguiu transformar aquela vontade que todo aluno tem em matar aula numa inconsequente aventura que agrada gregos, troianos e baianos até hoje. O filme conta a história de Ferris Bueller (Broderick) que decide não ir para escola e aproveitar o dia com junto de sua namorada Sloane Peterson (Mia Sarah, sua linda) e de seu amigo depressivo Cameron (Alan Ruck).
O que mais fascina nessa história é como Ferris planeja friamente seu dia de folga e o executa com uma mistura de diversão, adrenalina e perfeição.
Para se ter uma ideia, em um dia só nosso anti-herói consegue (entre outras coisas):
Enganar seus pais mais uma vez.
Dar um “mim acher” em sua irmã, Jeanie Bueller e no diretor de sua escola Sr Rooney, respectivamente interpretados por Jennifer Grey (Dirty Dancing, 1987) e Jeffrey Jones (Amadeus 1984 e Advogado do Diabo 1999).
Convence seu melhor amigo a esquecer uma crise depressiva e “pegar” emprestado de seu pai milionário a Ferrari clássica que depois seria destruída.
Faz o mesmo Cameron se passar pelo pai de Sloane para que ela possa ser dispensada da escola.
Encarna Abe Froman, o rei da salsicha de Chicago só para pegar uma boca livre em um dos restaurantes mais caros da cidade.
Ainda no final, o diretor seria atacado por um cachorro e sua irmã pararia em uma delegacia.
Mas o meu destaque é sobre o SENSACIONAL número musical em que Ferris, The Shaker, Bueller faz a cidade dançar de maneira ao som de Twist and Shout.
Não há como esquecer essa cena icônica, em que uma simples parada se transforma em uma catarse coletiva que faz você se mexer.
A jornada é tão incrível que para ser honesto, o final do filme é o de menos.
Por fim, todas as glorias à John Hughes, mais uma vez seu roteiro e direção se mostraram o balanço perfeito entre comédia, aventura e simplicidade. Suas obras são referências até hoje. Pena que Hollywood decidiu abandonar esse tipo filme, optando por roteiros apelativos e remakes inconsequentes.
Meu último destaque vai para a excelente dublagem brasileira, com Nizzo Neto no papel principal. Impecável trabalho.
Gente não vou fazer uma sessão de “Por onde anda” pois o texto já está grande, mas você pode encontrar Matthew Broderick por aí produzindo e atuando até hoje. Mia Sarah continua linda, porém, um pouco afastada da telona infelizmente. Alan Ruck ficou afastado das telas por um tempo, com algumas participações em filmes e séries, mas em 2016 ele voltou à cena ao fazer o par de Genna Davis na série O Exorcista.
Gostou? Curtiu? Quer sugerir algum filme que faz trintar anos em 2016? Comente e compartilhe.
Até semana que vem com a parte II.
Reviews e Análises
Ainda Estou Aqui – Crítica
Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.
Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.
Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.
Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.
Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.
O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.
Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.
Nota 5 de 5
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