Reviews e Análises
Anora – Crítica
Ganhador da Palma de Ouro do festival Cannes do ano passado, estrelado por Mikey Madison e dirigido por Sean Baker. Anora é um filme de comédia dramática para adultos. Durante o longa, acompanhamos a protagonista, Anora (Ani), uma “dançarina exótica” que ao conhecer Vanya (Ivan), um herdeiro russo, começa a trabalhar para ele e embarca numa jornada que muda sua vida.
O filme é repleto de cenas de nudez e sexo explícito que demonstram o cotidiano de uma prostituta sem qualquer eufemismo. Se não fosse por essas cenas e pelo tema sério e delicado, seria possível levar a família para assistir um filme de uma comédia que lembra Os Trapalhões. O humor é simples e enche a plateia de risadas em meio a uma obra que retrata temas pesados.
Há muitos filmes que possuem personagens simplórios, que dão a impressão de que apenas estão presentes para facilitar o desenrolar da história, o que não pode ser dito sobre esse filme. As personagens são convincentes de uma forma que é possível acreditar que cada uma delas é uma pessoa real que está resolvendo seus problemas.
O filme é comprido, chega a cansar um pouco quando está perto do fim, mas não poderia ser menor. O ritmo das cenas se faz necessário para a construção das relações das personagens. Gostei muito do filme.
Reviews e Análises
Ainda Estou Aqui – Crítica
Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.
Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.
Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.
Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.
Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.
O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.
Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.
Nota 5 de 5
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