Reviews e Análises
Megalópolis – Crítica
Megalópolis (Megalopolis – 2024) é o mais novo filme de Francis Ford Coppola, um dos maiores cineastas norte-americanos… dos anos 70. Infelizmente, desta vez, o diretor parece perdido dentro da própria megalomania, com um filme confuso, pretencioso, por muitas vezes enfadonho, porém visualmente deslumbrante.
Megalópolis começa já falando que é uma fábula. Pela definição do dicionário, uma fábula é uma “curta narrativa, em prosa ou verso, com personagens animais que agem como seres humanos, e que ilustra um preceito moral”. Aqui, não temos personagens animais, porém temos muita tentativa de mostrar preceitos morais. Pena que, nem sempre dá certo.
O filme conta a história da cidade de Nova Roma, uma versão futura de Nova Iorque. É nessa cidade que Cesar Catalina (Adam Driver), um artista genial que consegue controlar o tempo de alguma maneira que nunca é explicada, entra em conflito com o prefeito Franklyn Cicero (Giancarlo Esposito), que não aceita perder o controle da cidade para ele. Entre os dois, entra personagem Julia (Nathalie Emmanuel), filha do prefeito mas que se apaixona por Cesar.
O filme conta ainda com Dustin Hoffman, relegado a um papel ridículo; John Voight como um banqueiro que se veste de Robin Hood (pensa numa viagem); Shia Lebouef como o primo e antagonista do herói, entre outros.
Com um enredo que mistura intriga política com dramaturgia shakesperiana, dilemas morais com psicodelia, e até a mídia corrupta vendida ao sistema bancário, o filme vai emendando uma gama de personagens variados, cada um com seu propósito, mas que acabam se perdendo dentro de tanta genialidade pretenciosa.
Com um elenco estelar gigantesco, Megalópolis nunca chega a encantar o espectador, nem pela história nem pela execução ou atuações. Com uma fotografia exagerada e bons momentos de uso de sombra, o filme parece uma colagem de ideias interessantes mas que não dão liga. O filme é tão pretensioso que parece que é necessário um phD em filosofia para poder entendê-lo melhor.
Nota 2 de 5
Reviews e Análises
Ainda Estou Aqui – Crítica
Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.
Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.
Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.
Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.
Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.
O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.
Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.
Nota 5 de 5
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