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Os Rejeitados faz mais de R$ 500 mil em seu primeiro fim de semana de exibição no Brasil
Sob a direção de Alexander Payne, filme é um dos destaques da temporada de premiações
Lançado no Brasil na última quinta-feira (11), Os Rejeitados, novo filme de Alexander Payne, estreou entre os filmes mais vistos no país neste fim de semana, levando até o momento cerca de 20 mil pessoas às salas de cinema, com mais de R$ 500 mil arrecadados. Aclamado pela crítica e público, o longa, que já havia conquistado dois Globos de Ouro (Atriz Coadjuvante e Melhor Ator em Filme de Comédia) levou neste domingo (14) três categorias no Critics Choice Awards, nos Estados Unidos: Melhor Ator para Paul Giamatti, Melhor Atriz Coadjuvante para Da’Vine Joy Randolph enquanto o estreante Dominic Sessa se consagrou na categoria Melhor Ator/Atriz Jovem.
Elogiado por sua performance como Professor Paul Hunham, para Paul Giamatti o personagem é uma revisita ao passado, já que sua família era formada por professores: “Fui para uma escola preparatória como a do filme. Meu pai e minha mãe eram professores, bem como meus avós. Todos na minha família são professores ou acadêmicos, então é um ambiente que eu conheço e no qual me movimento bem. Li também alguns dos textos citados pelo personagem no roteiro. Pensei muito no meu passado e nas pessoas que conheciMuito da minha preparação foi baseada nisso. Meu personagem é um cara tenso, mas tem senso de humor, embora seja às custas de outras pessoas na maior parte do tempo. Acho ele engraçado”, comenta o ator.
Os Rejeitados segue em cartaz nas telonas de todo Brasil, também em versões acessíveis. Para mais informações, consulte os cinemas da sua cidade.
Sobre o filme
Do premiado diretor Alexander Payne, Os Rejeitados acompanha a desventura de um professor mal-humorado (Paul Giamatti) de uma prestigiada escola americana, forçado a permanecer no campus para cuidar do grupo de alunos que não tem para onde ir durante as férias de Natal. Ele acaba criando um vínculo improvável com um deles – um encrenqueiro magoado e muito inteligente (o estreante Dominic Sessa) – e com a cozinheira-chefe da escola, que acaba de perder um filho no Vietnã (Da’Vine Joy Randolph).
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A Hora da Estrela – Crítica
Quando se é aficionado por livros é comum alguma mania: ler a última página, tentar não “quebrar” a lombada de calhamaços enquanto se lê ou usar qualquer coisa que estiver a mão como marcador de páginas. Eu coleciono primeiros parágrafos: escrevo em pequenos cadernos que guardo na estante junto com os volumes que lhes deram origem. Claro que existem os favoritos como o de Orgulho e Preconceito (“É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa.”) e Anna Karenina (“Todas as famílias felizes são iguais, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira.”), mas nenhum fala tanto ao meu coração quanto o de “A Hora da Estrela”:
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.
Agora, se você nunca leu “A Hora da Estrela”, pode dar uma chance a obra da autora ucrano-brasileira Clarice Lispector assistindo a adaptação realizada em 1985 pela cineasta Suzana Amaral, que voltou aos cinemas no último 16 de maio em cópias restauradas digitalmente em 4K.
O longa conta a história da datilógrafa Macabéa (vivida magistralmente por Marcélia Cartaxo, ganhadora do Urso de Prata de melhor atuação em Berlim) uma migrante vai do Nordeste para São Paulo tentar a vida. Órfã, a personagem parece pedir perdão o tempo todo por estar viva, quase se desculpando por ter sobrevivido a sina dos pais. Macabéa é invisível, invisibilizada e desencaixada do mundo.
A interação com as outras personagens acentua o caráter de estranheza que Macabéa sente de sua realidade (“O que você acha dessa Macabéa, hein?” “Eu acho ela meio esquisita”) onde a proximidade física reservada a ela é oferecida apenas pelas viagens de metrô aos domingos.
As coisas parecem mudar quando ao mentir ao chefe – copiando sua colega de trabalho Glória – dizendo que no dia seguinte irá tirar um dente para, na verdade, tirar um dia de folga. Passeia pela cidade e encontra Olímpico (José Dumont) a quem passa a ver com frequência. Infelizmente, mesmo ele, não entende a inocência e esse desencaixe de Macabéa, deixando-a.
“A Hora da Estrela” de Suzana Amaral traz a estética da fome tão cara ao Cinema Novo de Glauber Rocha não apenas na falta, ressaltada em oposição as personagens que orbitam a curta vida de Macabéa, mas no desalento, no desamparo e, principalmente, no abandono que, quando negado em certa altura pela mentira esperançosa da cartomante charlatã (vivida por Fernanda Montenegro), culmina na estúpida tragédia que ocorre com a protagonista.
Se no começo de tudo, como disse Clarice, sempre houve o nunca e o sim, para Macabéa e os seus “sim senhor” o universo reservou apenas o grande não que Suzana Amaral captou como ninguém.
Nota 5 de 5
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